

Mais um passo para fortalecer os bancos públicos foi dado com o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos Estratégias para Financiamento e Desenvolvimento, nesta terça-feira (13), no Senado, em Brasília. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), parlamentares, sindicatos, federações de trabalhadores, movimentos sociais e universidades participaram do evento.
O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, que participou do seminário de lançamento da Frente, falou da importância dos bancos públicos para o país e da necessidade de juntar esforços para proteger as empresas públicas.
“Além de serem imprescindíveis no fomento da economia brasileira, essas instituições são de fundamental importância para a população, especialmente os mais pobres, que dependem de créditos mais acessíveis na compra da casa própria e em outros financiamentos. Precisamos, mais que nunca, nos unir para combater o desmonte dos bancos públicos que o governo Temer quer ver implementado.”
“Nós estamos vivendo uma ofensiva neoliberal em seu momento mais forte no Brasil. É loucura acabar com a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e com os bancos públicos, que são fundamentais para superar a crise econômica, como aconteceu em 2008”, completou o senador Lindberg Farias (PT-RJ), que coordena os trabalhos da Frente Parlamentar no Senado.
“A manutenção da TJLP é importante para o fomento da política de investimento a longo prazo, com uma taxa de juros mais acessível. Mas o atual governo quer extingui-la para aplicar uma taxa de juros de mercado atrelada à Selic”, ressaltou Lindberg.
O professor da Unicamp e economista, Luiz Gonzaga Belluzzo, sobre a falácia da política de austeridade que o atual governo defende. “Não é a PEC de cortes de gastos que fará com que a economia pare de desacelerar porque não ocorrerá um ajuste real das contas dessa maneira. A economia não estava em plena decadência, como alguns insistem em afirmar. O Brasil é um dos países menos endividados e que teve ganhos superavitários nos últimos anos”, disse Belluzzo. Ele reafirmou que o Estado precisa continuar o fomento ao crédito para manter o ciclo positivo da economia.
Fernando Nogueira, professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, destaca que o modelo de bancos públicos fortes é utilizado em outros países de maneira bem-sucedida. São exemplos os países que formam o grupo BRICs que têm bancos públicos de importância.
Ele destacou, ainda, a diferença de visão para o fomento ao crédito entre bancos públicos e privados. “Os bancos privados privilegiam o financiamento do setor automobilístico e o cartão de crédito. Já os bancos públicos fazem financiamento em várias políticas públicas, como o setor habitacional e a agricultura familiar com juros mais baixos”, retratou Nogueira, autor do livro Bancos Públicos no Brasil, publicada com apoio da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae).
O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, também deu seu recado. “O país consegue distribuir recursos se tem controle de uma instituição financeira. Os bancos públicos fomentam o crédito, mas também existem para corrigir falhas do setor privado. Isso já resume esse debate. É inquestionável a importância do banco público".
Apoio parlamentar
“Os bancos públicos são instrumento de desenvolvimento. É com dinheiro nas mãos dos mais pobres que multiplicamos a economia. Esse direito ao crédito não pode ser perdido. Podem até controlar as despesas, mas sempre defendendo um projeto que faça a economia crescer e que proteja o emprego”, resumiu Wellington Dias, governador do Piauí e empregado da Caixa.
Outros parlamentares e representantes dos trabalhadores também reafirmaram a importância dos bancos públicos para a sociedade brasileira. “Somos críticos a esse governo e temos propostas para o desenvolvimento no país, o qual depende da participação dos bancos públicos. Pois não se faz investimento e consumo de bens duráveis sem crédito. Queremos destacar, ainda, a importância de continuarmos na resistência contra as reformas trabalhistas” ressaltou a senadora Gleisi Hoffmann.
“Estamos sofrendo um tsunami nas instituições públicas com a precarização do trabalho, reformas prejudiciais à população e desmonte de instituições de representantes sociais. Cabe a nós mais esse embate contra a ameaça aos bancos públicos. Unimos forças para que não ocorra mais esse golpe”, comentou o deputado Zé Carlos (PT-MA), que coordena os trabalhos da Frente Parlamentar na Câmara.
Ampliar debate
Para ampliar a discussão sobre a importância dos bancos públicos como instrumentos de promoção do crédito e de políticas sociais do país, a Frente Parlamentar quer levar o debate a estados e boa parte dos municípios brasileiros por meio de audiências públicas
Da Redação, com Contraf-CUT
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