O presidente do BRB, Ricardo Vieira, informou que o banco realmente realizou operação lastreada em FCVS no valor de aproximadamente R$ 115 milhões, confirmando os fortes rumores que corriam no meio da semana passada sobre a transação em altos volumes desse ativo de difícil liquidez. Essa característica dos títulos, conforme as denúncias, pode causar prejuízos ao banco em longo prazo devido ao deságio do valor de face dos papéis no mercado.
A confirmação da operação foi dada em encontro nesta segunda-feira (7) pelo próprio presidente do banco aos dirigentes do Sindicato, André Nepomuceno, Antonio Eustáquio e Cida Sousa.
Reunião na sexta-feira (4), quando diretores do Sindicato exigiram esclarecimentos
sobre a operação
Acompanhado de Dário Garcia Júnior, e de Sérgio Augusto de Faria, diretores de Relacionamento e Negócios e de Administração do banco, respectivamente, o presidente apresentou a lógica da operação. Segundo Ricardo Vieira, a transação foi feita com uma margem de recursos do depósito da poupança não aplicada e que fica depositada no Banco Central (Bacen). O presidente informou ainda que a operação foi concretizada na última sexta-feira (4) e que o BRB teria pago 79% do valor de face pelos títulos, de forma direta, sem comissão a intermediários ou agentes estruturantes desse tipo de transação.
O presidente do BRB anunciou que estaria submetendo a operação à mesma auditoria independente que já presta serviços ao banco e que encaminharia também para avaliação do Tribunal de Contas e ao Bacen, medidas que o Sindicato anunciou pretender tomar na semana passada.
O Sindicato reiterou sua preocupação com a operação, que ocorre em meio à grave crise política do GDF causada com a descoberta pela Polícia Federal de um esquema de recolhimento e pagamento de propinas a parlamentares da base de apoio do governador, envolvendo inclusive o BRB nas denúncias de corrupção. Os representantes sindicais disseram esperar realmente que a operação lastreada em FCVS não seja prejudicial, mas reafirmaram a informação de que teria ocorrido a participação do Banco Fator, cujo representante em Brasília seria Valdery Albuquerque, ex-diretor com triste passagem pelo BRB e outras instituições financeiras .
O presidente Ricardo Vieira informou aos dirigentes sindicais
que a operação foi realizada no dia 4
O secretário-geral do Sindicato, André Nepomuceno, questionou ainda a falta de alternativas para aplicações da Poupança. “Já que há recursos excedentes porque não se desenvolveu uma política de financiamento habitacional mais forte. Afinal os recursos da Poupança devem ter esse destino, podendo ser rentável e ter uma função social mais adequada para as necessidades da população do DF”, afirmou.
A operação estava programada para o dia 1º deste mês, mas foi abortada ao vazar ao público. Ao tomar conhecimento disso, o secretário geral do Sindicato denunciou a operação diante do banco, no mesmo dia do ato pelo impeachment do governador José Roberto Arruda na Câmara Legislativa. A transação seria ainda mais grave porque, segundo os comentários, na ponta do negócio estaria Valdery Albuquerque, diretor financeiro que Arruda emplacou no BRB, mas que pediu demissão rapidamente. Ele atuou no banco no período da Operação Navalha, que levou à prisão e à demissão de altos dirigentes e funcionários do BRB por fraudes em licitações e desvios de verbas públicas, além de apreensão de maletas com altos valores em dinheiro.
Como o Sindicato imediatamente solicitou audiência para esclarecimentos, os representantes da entidade foram recebidos na sexta-feira (4) pelos diretores Dário, Sérgio Augusto e Paulo Roberto (da Controladoria), que ouviram os questionamentos e marcaram a nova reunião para esta segunda, quando o presidente do BRB, Ricardo Vieira, daria os esclarecimentos solicitados.
“Devemos continuar vigilantes, pois permanece a informação de que teria havido a participação de Valdery Albuquerque na transação e que ele foi inclusive visto recentemente nas dependências da Direção Geral do banco. Diante da crise temos de estar unidos na defesa do BRB, uma instituição pública do DF”, declara Antonio Eustáquio, diretor do Sindicato.
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