

O início da noite de quarta-feira (11), marcada pela votação da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, reuniu milhares de trabalhadores do campo e cidade, estudantes, militantes de movimentos sociais, sindicais, partidários e vários outros segmentos da sociedade civil na Esplanada dos Ministérios. Em marcha, os milhares de manifestantes repudiaram o golpe de estado em curso no Senado Federal e afirmam que continuarão nas ruas em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores.
Promovido pela CUT e pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato político teve início ainda no Acampamento Popular, que reúne a militância de outros estados no estacionamento do estádio Mané Garrincha. Ao longo do percurso, as lideranças sociais denunciaram o caráter golpista de um processo de impeachment que tem como pano de fundo a flexibilização dos direitos trabalhistas, a entrega dos recursos naturais do país para o capital privado, a criminalização dos movimentos sociais e a exacerbação das desigualdades.
“Tudo gira em torno de poder. Dilma tentou governar para nós, mas as alianças que travou WhatsApp-Image-20160511 (23)acabaram impedindo a presidenta de realizar as mudanças clamadas pelos movimentos sociais. Ela travou uma guerra e o impeachment é resultado disso. Dilma entra pra história como uma presidenta de mãos limpas que tentou combater a corrupção e possivelmente será deposta por não concordar com as práticas da velha política”, acredita a militante feminista, Eleonora Jabour.
Para o trabalhador rural sem terra Antônio Lima, de 63 anos, a única forma de avançar em conquistas é com a permanência da democracia no sistema político brasileiro. “Nós lutamos pela terra em baixo da lona, saímos de várias partes do país pra dizer que não aceitamos Temer pra presidente. De que adianta a gente ter direito de votar se eles não respeitam o projeto que elegemos? Como vamos conseguir lutar por trabalho, condições dignas de vida, respeito e a terra pra plantar com esses golpistas a frente do nosso Brasil?”, indaga Antônio.
A figura de Michel Temer (PMDB) foi rechaçada pelos manifestantes, que o chamaram de traidor e golpista diversas vezes ao longo da marcha. Quando a caminhada passou próximo ao Centro de Convenções Ullysses Guimarães, as cerca de 3 mil delegadas que participam da IV Conferência Nacional de Mulheres, se uniram aos outros movimentos e engrossaram a marcha pela democracia.
Milhares de manifestantes se concentraram em vigília diante do Congresso, onde acompanharam a votação dos senadores. A Polícia Militar, injustificada e indiscriminadamente, atacou os manifestantes com gás de pimenta e bombas de efeito moral, o que foi classificado pelos dirigentes sindicais como uma tentativa de intimidar e dispersar os que lutam pacificamente pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores. “A Polícia Militar mostrou de que lado está mais uma vez e não é do lado do povo, do trabalhador. Mas vamos lutar, lutar e lutar contra tudo isso, contra o golpe”, disse Marcos Junio, secretário de Comunicação da CUT Brasília.
Fonte: CUT Brasília
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