

Imagine poder gastar um milhão de reais por dia e só ver seu patrimônio se esgotar em 36 anos. Essa é a realidade de Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) que, juntos, têm a mesma riqueza que as 100 milhões de pessoas mais pobres do Brasil.
O estudo, realizado pela Oxfam, revela que a desigualdade de renda entre os brasileiros é brutal. Os 5% mais ricos do país concentram a mesma renda que os outros 95% da população. Para se ter uma ideia, o trabalhador que recebe um salário mínimo por mês teria que trabalhar por 19 anos para alcançar as grandes fortunas dos brasileiros mais ricos.
A pesquisa também aponta para a disparidade quando os fatores de gênero e raça são levados em consideração. Se a tendência dos últimos 20 anos for mantida, as mulheres ganharão o mesmo salário que os homens só em 2047. Já os negros só terão a renda equiparada aos brancos em 2089.
Se o país avançava para corrigir as desigualdades nos últimos anos, com investimentos em políticas públicas e programas sociais, o retrocesso advindo com o governo ilegítimo de Temer deve frear esse progresso.
De acordo com a diretora executiva da Oxfam e coordenadora da pesquisa, Katia Maia, houve inclusão na base da pirâmide nos últimos anos, mas a questão é o topo. "Ampliar a base é importante, mas existe um limite. E se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base", explica Katia.
Tributos
Os super-ricos brasileiros, que ganhavam R$ 252 mil mensais em 2015, ou 320 salários mínimos, pagaram efetivamente em imposto alíquota similar à de quem ganhava R$ 3,9 mil mensais, ou cinco mínimos.
Para a população mais pobre, que gasta a maior parte da renda com alimentação, medicamentos, vestuário, transporte, aluguel, a tributação é injusta. Mais da metade (53%) da receita tributária do Brasil é formada por tributação do consumo, que incide justamente sobre esses itens.
Com a distorção, o estudo aponta que os 10% mais pobres gastam 32% de sua renda em tributos, dos quais 28% são indiretos, ou seja, sobre produtos e serviços. Por outro lado, os 10% mais ricos gastam apenas 21% da renda em tributos, sendo 10% em tributos indiretos.
Para reverter esse quadro de desigualdades, é necessário uma reforma tributária que seja justa com os mais pobres e a classe média, taxando adequadamente as grandes fortunas. Além disso, a anulação da PEC do teto dos gastos públicos abriria a possibilidade de mais investimentos no país. Para a coordenadora da pesquisa, “se você congela o gasto social, você limita o avanço que o Brasil poderia fazer nesta área".
América Latina
Em 2017, o Brasil caiu 19 posições no ranking de desigualdade social da ONU, ficando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Da Redação
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