Representante  da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte  (Fetec-CN/CUT) na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do  Brasil, Rafael Zanon concede entrevista ao 
Informativo Bancário sobre o  novo plano de funções do banco. Na segunda-feira (28), o banco  implantou, sem negociar com os sindicatos, um novo plano com mais de 20  mil novos cargos de jornada de 6 horas e outras milhares de funções de 8  horas. 
 Na entrevista a seguir, Zanon, que é secretário de Assuntos  Jurídicos do Sindicato, tira dúvidas, dá orientações  e informa os próximos passos de luta da categoria.
Informativo Bancário – 
Em que consiste o novo plano de funções?Rafael Zanon - O Banco do Brasil tem milhares de funções comissionadas com jornada  de 8 horas. A jornada desses cargos descumpre a legislação trabalhista,  que determina uma jornada de 6 horas para os trabalhadores de bancos. Os  bancários e os sindicatos ingressaram com ações judiciais e  garantiram o pagamento das 7ª e 8ª horas. Assim, para buscar resolver  esse problema jurídico, a empresa lançou, sem negociar com os  sindicatos, um novo plano de funções com mais de 20 mil novos cargos de  jornada de 6 horas e outras milhares de funções de 8 horas.
IB - 
O plano lançado pelo BB resolve o problema do descumprimento da jornada?Zanon – Não. Apesar de ter criado milhares de comissões de 6 horas, o novo  plano de funções mantém comissões de 8 horas, continuando o  descumprimento da jornada para esses cargos.
IB – 
Por que a empresa não resolveu a questão da maneira correta?Zanon – Porque insiste em não dialogar com os trabalhadores, mantendo uma  postura autoritária. Os sindicatos, a partir da experiência jurídica,  passaram para a empresa a solução que iria resolver o problema como um  todo: a adequação da jornada de 6 horas para os cargos até o nível de  responsabilidade 4 (do assistente ao master) sem redução de remuneração.
IB – 
Qual a orientação do Sindicato para o público alvo dos novos cargos de 6 horas?Zanon – A empresa criou cargos de 6 horas similares aos de 8 horas, com valor  de remuneração diferente. Para esses, a migração é opcional. Assim, o  trabalhador que não quiser migrar permanece trabalhando 8 horas com a  mesma remuneração. Não existe prazo para migração. A decisão é pessoal, e  depende da análise de vários fatores. A assessoria jurídica do  sindicato está pronta para agir caso algum direito seja transgredido  pela empresa.
IB – 
Os bancários que trabalham 8 horas e não migrarem para as comissões de 6 horas sofrerão prejuízo na remuneração?Zanon – Não. Quem não optar pelas comissões de 6 horas manterá a mesma remuneração e jornada de 8 horas.
IB – E os que já migraram para os novos cargos de 6 horas?Zanon –O BB criou novas comissões de 6 horas, que poderão ser ocupadas  pelos bancários que estão em 8 horas e também por concorrência. O BB  disponibilizará um ano de horas extras para os bancários nesses novos  cargos de 6 horas. Discordamos da remuneração dos novos cargos de 6  horas e vamos lutar para aumentar o valor dessas comissões, inclusive  para os que já migraram.
IB – Qual a orientação para os trabalhadores que continuarão como 8 horas?Zanon – O BB não resolveu o problema como um todo. Enquadrou milhares de  bancários em novos cargos de 8 horas, fixando prazo de 6 dias para os  trabalhadores concordarem e assinarem termo de posse. Nesses casos, a  não concordância gerará descomissionamento. No termo de posse para os  "novos cargos", o BB insinua que tais cargos terão atribuições que o  caracterizariam como um cargo de 8 horas. O Sindicato esclarece que o  que caracteriza um cargo de 6 horas, na justiça,  são as atribuições  reais, e não um documento elencando situações fictícias. Também  salientamos que assinar um termo não consiste produção de provas contra  si ou confissão, mesmo porque o termo está sendo imposto. Ou seja, se o  que está escrito no termo ou nas atribuições do novo cargo não se  configurar na prática, o termo de posse é nulo.
IB – 
E aqueles com mais de dez anos em exercício de cargo comissionado que não quiserem assinar o termo de posse?Zanon – Os bancários com mais de dez anos em exercício de cargo comissionado  contam com uma proteção jurídica: a Súmula 372 do Tribunal Superior do  Trabalho (TST), segundo a qual o trabalhador descomissionado sem justo  motivo tem o direito a incorporar sua comissão no salário, se tiver mais  de 10 anos de cargo comissionado. Assim, aquele bancário que tiver mais  de dez anos de exercício em comissão e não assinar o termo será  descomissionado e poderá ingressar com ação judicial pleiteando a  incorporação, buscando provar que foi descomissionado sem justo motivo.  Lembro que a justiça terá que julgar o pedido de incorporação da  comissão, havendo então possibilidade de ganho ou perda da ação  judicial.
IB – 
Alguma medida será tomada para forçar a adequação de jornada para os cargos que não foram contemplados com as 6 horas?Zanon – Sim. Ingressaremos com ações coletivas por grupos homogêneos. Para isso, disponibilizaremos em nosso sítio um formulário para os bancários preencherem.
IB – 
A ações judiciais em curso serão mantidas?Zanon – Sim. Todas as ações coletivas impetradas pelo Sindicato serão  mantidas, inclusive a dos assistentes de agência, onde já ganhamos no  mérito. Por isso, reforçamos a orientação de calma nas decisões, já que o  desespero vem da empresa. Lembramos que os assistentes não têm prazo  fixado para migração e por isso devem analisar com tranquilidade as  consequências da escolha.
IB –
 A função de assessor júnior nas unidades estratégicas foi extinta. O que acontecerá com esses trabalhadores?Zanon – Participarão de concorrências para pleno em vagas nas unidades  estratégicas. Já reivindicamos ao BB critérios transparentes, objetivos e  justos. Aqueles que não forem selecionados serão alocados em outras  unidades sem prejuízo da remuneração atual.
IB - 
E qual a orientação para os trabalhadores da Diretoria de Tecnologia?Zanon -  A situação na Diretoria de Tecnologia (Ditec) é diferente. Neste local,  o BB está propondo uma ampla reestruturação. O prazo para os  trabalhadores aceitarem ou não as opções é dia 8 de fevereiro. Portanto,  orientamos aos trabalhadores da Ditec que aguardem as reuniões e as  orientações específicas do Sindicato, que acontecerão até o dia 6 de  fevereiro.
IB – 
Quais são os próximos passos de luta?Zanon – O Sindicato realizará plenária jurídica nesta quinta-feira (31), às 19h, na Praça do Cebolão, no Setor Bancário Sul.
Da Redação