Em nova audiência de mediação entre o Santander, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o Sindicato dos Bancários de Brasília e demais entidades sindicais, realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), nesta quinta-feira (17), em Brasília, os trabalhadores reforçaram as reivindicações da categoria ao banco: reintegração dos demitidos e fim das demissões em massa. Após as discussões, nova audiência foi marcada para a próxima quarta-feira (23).
Durante o encontro, o movimento sindical insistiu que o banco reintegre os empregados demitidos injustificadamente e que encerre as demissões em massa. As propostas apresentadas pelos sindicalistas foram tiradas em reunião preparatória realizada na manhã dessa quinta, na qual foram debatidas as demandas de cada região para preparar uma proposta global.
Outra proposta dos trabalhadores é que o Santander firme um acordo com o movimento sindical para negociar todas as vezes que as demissões ultrapassarem a média de rotatividade do sistema financeiro, uma vez que o próprio banco afirmou na audiência do dia 9 de janeiro deste ano – e que está registrado em ata – que não vai demitir em massa ao longo de 2013. O Santander se recusou a negociar esse item e afirmou que não discutirá previamente sobre desligamentos.
"Para nós, está claro que houve demissão em massa em dezembro, de acordo com os dados que temos até o momento. Por isso, reivindicamos que o Santander acate as liminares a favor da reintegração desses trabalhadores demitidos, assim como ocorreu na Bahia. Além disso, lutamos pelo encerramento das demissões coletivas", afirmou o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Secretária de Imprensa do Sindicato dos Bancários de Brasília e funcionária do Santander, Rosane Alaby reafirmou a importância da garantia do emprego. "O movimento sindical quer discutir a questão do emprego para que os bancários tenham condições dignas de trabalho sem o fantasma das demissões. Não queremos que os novos funcionários sejam demitidos de forma imotivada”, destacou.
Cadê a transparência?
Durante a audiência, os representantes dos trabalhadores voltaram a denunciar as demissões em massa capitaneadas pelo Santander.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que o banco desligou 13.700 empregados entre janeiro e novembro de 2012, com geração de 667 postos de trabalho no período, embora tenham sido registrados saldos negativos nos meses de março (-67), maio (-94), junho (-8) e novembro (-150). O maior desligamento ocorreu em outubro, mês após a assinatura da convenção coletiva, com 2.208 empregados.
Os representantes dos bancários apontaram que esses dados do Caged comprovam a política nefasta de rotatividade, segundo análise técnica feita pelo Dieese. Enquanto a taxa de rotatividade no setor bancário foi de 7,6% entre janeiro e novembro de 2012, o índice no Santander atingiu 27,4% no mesmo período.
Na audiência, o movimento sindical expôs a discrepância do número de demitidos de que tem conhecimento em relação aos dados apresentados pelo Santander até o momento.
Diante das informações, a procuradora do MPT Ana Cristina Tostes Ribeiro determinou que o Santander apresente explicações detalhadas que justifiquem as diferenças, com base no Caged. De forma detalhada, o Santander deverá divulgar, por cada base, os números dos desligamentos sem justa causa, pedidos de demissão e aposentadoria ocorridos entre os meses de janeiro e novembro de 2012.
"Não há intenção do banco de negociar, inclusive, ontem (16), na audiência no MTE, o banco se recusou a abrir os dados do Caged e se nega a mostrar os números da rotatividade dentro da empresa", destacou o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira.
Pela Contraf-CUT, também estiveram presentes o secretário de Imprensa, Ademir Wiederkehr, e o assessor jurídico Sávio Lobato. Também participaram o presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), José Avelino, e o diretor da Fetec-CUT/CN José Anilton, além de representantes de diversos sindicatos do país.
Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília
Copyright © 2025 Bancários-DF. Todos os direitos reservados
Feito por Avalue Sistemas