Alerta geral. O presidente da Regius, João Carneiro de Almeida, quer aumentar o próprio salário para aproximadamente R$ 20 mil e dos outros diretores para quase R$ 19 mil. A pedido de Carneiro, uma consultoria elaborou a proposta que reajusta os rendimentos dos diretores em 70%. A proposta deve ser votada em breve pelo Conselho Deliberativo da entidade.

O aumento dos conselheiros está camuflado na proposta que prevê a criação de novas funções na estrutura administrativa da Regius e o reajuste médio de 20% para os funcionários do fundo, sob o argumento de que os salários estão defasados e é essencial para que a Regius tenha em seu quadro pessoal qualificado.

“Por trás deste argumento (valorização dos trabalhadores da Regius), que é válido, está a manobra do presidente e dos diretores de aumentarem os próprios rendimentos”, denuncia Antonio Eustáquio, o diretor do Sindicato e conselheiro fiscal eleito da Regius.

O salário de quase R$ 20 mil pleiteado pelo presidente da Regius é muito parecido com o que a Previ (o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) paga para seus diretores. No entanto, a Previ é o maior fundo de pensão da América Latina e administra mais de R$ 115 bilhões, enquanto o montante gerido pela Regius é de aproximadamente R$ 750 milhões.

Mais paradoxal, é que tal despropósito ocorre no momento em que toda a categoria recebeu 6% de reajuste, fruto de acordo coletivo. E ainda os funcionários do BRB lutam pela preservação de seus empregos, diante da determinação do governador Arruda (DEM) de vendê-lo.

Os atuais conselheiros deliberativos da Regius, cujos mandatos se encerram em novembro, já anunciaram que votarão contra a proposta.

Entenda a manobra

Em 25 de outubro, o BRB (patrocinadora da Regius) substituiu o conselheiro Antônio César, indicado por ela própria, que assumiu após a renúncia do conselheiro indicado Alino Donizette, pois era suplente.

Numa clara afronta aos interesses dos participantes, a patrocinadora destituiu César por este ter se ma-nifestado contrário ao projeto que reajusta o salário do presidente e dos diretores da Regius.

No lugar de Antônio César assume Adão Passos, ex-conselheiro administatrivo do BRB indicado pelo ex-presidente Tarcísio Franklin de Moura, preso pela Polícia Civil do DF na Operação Aquarela.

O presidente do Consellho Deliberativo da Regius, Valderi Elias (indicado pela patrocinadora), mesmo em matéria controvérsia, vai empossar nesta sexta-feira Adão Passos.

Tal decisão do BRB se baseou em parecer elaborado pelo consultor jurídico em exercício da Regius Edward Marcones Santos Gonçalves, indicado pelo ex-pre-sidente do BRB Tarcísio Franklin de Moura. Edward é sobrinho de Tarcísio.

O parecer de Edward Marcones Santos Gonçalves afronta as leis complementares 108 e 109, que regulam os fundos de pensão no país e determinam a forma de perda de mandato dos conselheiros. Veja aqui o fac-símile.

“Atitudes dessa natureza mostram como é importante eleger no dia 29 candidatos que sejam absolutamente independentes da direção do BRB, da Regius e do Governo do Distrito Federal”, afirma Antonio Eustáquio.

Sindicato vai procurar a Justiça

O Sindicato acionará o seu Departamento Jurídico para questionar a manobra do BRB e do presidente da Regius. “Não permitiremos que o patrimônio dos funcionários do BRB seja revertido em reajustes exorbitantes para o presidente e os diretores da Regius. Isso é imoral”, finaliza Antonio Eustáquio.

Atitude antidemocrática

Indicado para o cargo de presidente da Regius pelo governador José Roberto Arruda (DEM), a pedido do deputado federal Augusto Carvalho (PPS-DF), João Carneiro de Almeida pediu a Arruda que barrasse qualquer discussão de eleição para diretor da Regius.

Antonio Eustáquio lembra que na eleição para os conselhos Deliberativo e Fiscal, que ocorre dia 29, segunda-feira, os funcionários do BRB poderiam também eleger diretores para a Regius. “A interferência de Carneiro frustrou uma negociação que o Sindicato já tinha feito com o presidente do BRB, Laércio Barros Júnior”, diz Eustáquio.