Os empregados da Caixa Econômica Federal receberam no contracheque de agosto de 2025 a devolução integral dos valores descontados pela participação na greve nacional de 27 de abril de 2021. A medida inclui também os reflexos no descanso semanal remunerado e garante que não haja prejuízos funcionais. Além disso, os bancários terão até 31 de dezembro de 2025 para compensar as horas paradas, limitadas a duas por dia.
A devolução é resultado do acordo homologado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) em audiência de conciliação realizada no dia 11 de junho de 2025, conduzida pelo ministro vice-presidente da Corte, Maurício Godinho Delgado. O entendimento, fruto de ação coletiva ajuizada pela Contraf-CUT em parceria com sindicatos locais, como o Sindicato dos Bancários do Pará, representou uma reparação histórica e reafirmou o direito de greve como ferramenta legítima de defesa dos trabalhadores.
A greve de 2021 mobilizou a categoria em todo o país com pautas como a manutenção da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) Social, reduzida unilateralmente, a denúncia contra a abertura de capital da Caixa Seguridade e a luta contra o desmonte da instituição pública. Também foram reivindicadas contratações para melhorar o atendimento e medidas de proteção contra a Covid-19, já que os bancários estavam na linha de frente da pandemia.
Na época, a direção da Caixa, presidida por Pedro Guimarães, determinou os descontos e tratou as ausências como faltas injustificadas, mesmo com decisões judiciais reconhecendo a legalidade da greve com a manutenção de serviços essenciais. A postura repressiva levou à indignação da categoria e a uma série de ações judiciais e negociações mediadas pelo Ministério Público do Trabalho.
Para Gustavo Tabatinga Jr., secretário-geral da Contraf-CUT, o resultado é uma vitória histórica: “Essa é uma grande vitória para os trabalhadores que o jurídico da Contraf-CUT conseguiu em audiência de conciliação, permitindo a reversão desta perseguição feita pelo ex-presidente da Caixa aos empregados que exerceram seu legítimo direito de greve”. Tatiana Oliveira, presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, reforçou a persistência da luta: “Foram anos negociando com a Caixa, mas não desistimos. Seguimos no exercício do diálogo, e ele veio hoje. A luta presta!”.
No Distrito Federal, o diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, Antonio Abdan, ressaltou que o desfecho deve servir de exemplo para o futuro: “A devolução dos valores e o reconhecimento do direito de greve demonstram que a luta organizada dá resultados. É um recado claro de que o caminho deve ser sempre o da negociação e não o da intransigência”.
O acordo beneficia todos os empregados da Caixa no Brasil e fortalece o movimento sindical ao reafirmar que o direito de greve não pode ser punido com sanções financeiras ou funcionais. Para os bancários, a vitória não só corrige uma injustiça do passado, mas também evidencia a importância da mobilização coletiva na defesa dos direitos trabalhistas.
Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato