Trabalhadores respondem ao autoritarismo do GDF com ocupação da Rodoviária

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Em uma demonstração de solidariedade de classe, milhares de trabalhadores do setor público e privado, além de movimentos sociais, estudantis e sociedade civil reuniram-se na tarde desta quinta-feira (29) no Dia de Luta d@s Trabalhador@s do DF. Com disposição de lutar por dias melhores, os manifestantes deram mais uma resposta ao conjunto de medidas ilegais, autoritárias e truculentas que vêm sendo tomadas pelo GDF desde o início do mandato do governador Rodrigo Rollemberg.

Os militantes concentraram-se na Praça Zumbi dos Palmares, no Conic, e por volta das 18h30 tomaram a Rodoviária do Plano Piloto, gritando palavras de ordem, portando cartazes e faixas e distribuindo panfletos com o objetivo de conscientizar a população sobre a situação de risco imposta ao Distrito Federal, os motivos das greves no funcionalismo local e a indignação da juventude. O Movimento Passe Livre – MPL também se somou à mobilização, fortalecendo a causa classista e humanitária dos trabalhadores e trabalhadoras do DF.

“A classe trabalhadora vai continuar dizendo não ao projeto neoliberal, ao projeto de estado mínimo do governador Rollemberg, que está precarizando o serviço público, que tem interesse de entregar nossas estatais à iniciativa privada, que está demitindo trabalhadores terceirizados e aumentando passagens e outras tarifas e impostos. Ou seja, toda uma política contra a classe trabalhadora”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.

Durante o ato, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) informou que a Bancada Federal do DF no Congresso Nacional vai publicar “moção de apoio ao movimento, com repúdio expresso à postura do governador (Rollemberg)”. “A Bancada (do DF no Congresso) exige identificação dos policiais que agiram como se ainda estivessem na ditadura, e quer que sejam tomadas as providências necessárias. Também exigimos reunião com governador para que ele entenda que conflito trabalhista se resolve em mesa de negociação”, disse a parlamentar, remetendo à ação truculenta da Polícia Militar contra os professores nessa quarta-feira (28).

Para o secretário-geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, o Dia de Luta d@s Trabalhador@s do DF é mais uma alerta ao governador Rodrigo Rollemberg. “Nossa expectativa é de que o governo entenda que ele tem que negociar, que ele precisa abrir diálogo e precisa fazer uma proposta que atenda a pauta de reivindicação da classe trabalhadora. Nossos sindicatos estão em assembleia, estão em movimentação, estão em greve e assim permanecerão até que haja avanço”, diz.

“Governador (Rollemberg), você escolheu seu lado: é o das elites e da direita. E a CUT está do lado oposto. Então nos aguarde, pois todos os dias você vai ver a CUT dizendo: ‘não aceitamos seu calote, não aceitamos as suas medidas’”, alertou o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.

Marcas da violência da PM

Durante o Dia de Luta d@s Trabalhador@s do DF, foram recorrentes as falas em repúdio à truculência da Polícia Militar utilizada contra os professores durante protesto nessa quarta-feira (28). O dirigente do Sinpro-DF (Sindicato dos Professores), Gabriel Magno, lembrou que os professores já haviam negociado com a Polícia Militar o fim do ato, mas, mesmo assim, o Batalhão de Choque agiu com total truculência. “Foi um dia lamentável para a história do DF. Claro que a ação tem um responsável, e o comandante é o governador do DF, Rodrigo Rollemberg. Mas a categoria e a sociedade reagiram. Esse ato de hoje mostra isso”, avalia o professor que foi preso na quarta-feira (28) por exercer o livre direito à manifestação.

“Eu tenho 30 anos de sala de aula e hoje eu saí da minha casa na esperança e na expectativa de que nós possamos sensibilizar esse governo para que ele leve a educação a sério. Passamos por uma situação de desrespeito, uma ação desumana. Ficamos muito preocupados e a nossa vontade é de sair às ruas mostrar para as pessoas o que Brasília está passando, o que esse governo está fazendo com o servidor público, pois, infelizmente, através da mídia a gente não tem essa informação de forma precisa e correta”, afirma a professora Verônica Oliveira.

“Todas as escolas sofrem com a falta de infraestrutura, e os professores somos nós no futuro. Somos das faculdades da licenciatura da Filosofia, da História, da Biologia, das Ciências Sociais e de diversos outros cursos (além dos secundaristas), e ver os nossos professores sendo arrancados de um carro, apanhando, sendo presos por conta de um direito que é de todos nós, nos revolta. Somos a favor de uma gestão democrática, conquista histórica que está ameaçada com o governador Rollemberg e o retrocesso não será aceito”, afirma a militante da Juventude Revolução, Bárbara Pias.

“Não vamos deixar que ninguém, nem governador, nem polícia, nos impeça de lutarmos pelo que é justo e pelo que nós temos direito. Após aquele ato lamentável, estamos mais fortes e mais unidos para combater este governo”, disse o dirigente da CUT Brasília e do Sindicato dos Rodoviários, Marcos Junio Nouzinho. “Se o ‘sapato apertar’, vamos deliberar na nossa categoria um dia de paralisação em apoio aos servidores para mostrar que somos todos trabalhadores, independente da categoria”, se compromete o sindicalista.

A vice- presidenta da CUT Nacional, Carmem Foro, participou do Dia de Luta d@s Trabalhador@s do DF e lembrou que outros estados do Brasil também padecem com o autoritarismo e a truculência dos governadores, como é o caso do Paraná, com Beto Richa. “É fundamental que toda a sociedade possa se mobilizar para apoiar os servidores do GDF e todas as outras categorias atacadas pelo governo. A questão dos servidores públicos é uma questão da sociedade, que necessita do valoroso serviço desses trabalhadores e trabalhadoras. Estaremos juntos na trincheira e na resistência aqui no DF ou em qualquer lugar do país”, discursou a dirigente cutista.

Fonte: CUT Brasília