Temer escolhe sócio do Itaú para comandar Banco Central e privatista para o BNDES

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou nesta terça-feira (17) o nome de Ilan Goldfajn como o novo presidente do Banco Central no lugar de Alexandre Tombini. Ilan é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco, o maior banco privado em atuação no Brasil, já fez parte da diretoria do BC sob Armínio Fraga e é ferrenho defensor da terceirização fraudulenta. 

A Fazenda também anunciou os outros nomes que irão compor a equipe econômica do novo ‘governo’, todos ligados ao mercado. São eles: Tarcisio Godoy para a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda; Mansueto Almeida será o secretário de Acompanhamento Econômico e responsável por gerir as despesas públicas; e Carlos Hamilton de Araújo vai para a Secretaria de Política Econômica.

Tarcisio Godoy já foi diretor da Bradesco Seguros e era da equipe do ex-ministro Joaquim Levy.  Mansueto Almeida foi um dos coordenadores do programa econômico do candidato derrotado à Presidência da República Aécio Neves (PSDB). E Carlos Hamilton é executivo da JBS.

“Obviamente que o presidente interino atendeu aos apelos do mercado na formação da sua equipe para comandar a economia. E é justamente isso que preocupa o Sindicato, porque sabemos muito bem que esse alinhamento com o mercado não levará em conta os interesses dos trabalhadores, mas do empresariado”, explica Rafael Zanon, diretor do Sindicato.

No BNDES, uma defensora das privatizações

No mesmo dia foi anunciada também a nova presidenta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ex-presidenta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), ex-secretária de Finanças da Prefeitura do Rio de Janeiro e ex-diretora do próprio BNDES, Maria Silvia Bastos Marques é a primeira mulher indicada para a equipe de Temer depois do anúncio pelo presidente em exercício de um ministério exclusivamente masculino.

Primeira mulher a presidir a instituição responsável pelo financiamento de grandes obras e projetos no país, a economista já atuou, nos anos 1990, como assessora especial para assuntos de desestatização do BNDES, da área financeira e internacional do banco.

A CSN foi uma das primeiras estatais a ir a leilão, ainda no governo Itamar Franco (1993). Itamar não era um entusiasta do programa criado por seu antecessor, Fernando Collor de Mello. Mas seu sucessor, FHC, retomou e acelerou o processo. Sob a gestão tucana, o BNDES atuou fortemente em privatizações como as do Sistema Telebras, Embraer, Vale, companhias energéticas e bancos estaduais.

O programa arrecadou US$ 78,6 bilhões nos leilões, mas não impediu o avanço da dívida pública de R$ 60 bilhões em junho de 1994 para R$ 245 bilhões no final do primeiro mandato de FHC, em 1998.

Leia mais: Em artigo no Estadão, novo chefe do Banco Central defende recessão e desemprego

Da Redação com informações do Seeb São Paulo e da Rede Brasil Atual