Sindicato reforça denúncia contra o desmonte do BRB    

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No último dia 5 de julho, a Administração do BRB divulgou que o investidor José Ricardo Rezek, proprietário da Kardbank, assumiu 49,9% de participação da empresa BRB Financeira.

Com carteira de crédito de mais de R$ 3 bilhões, bom histórico de geração de negócios para o conglomerado e bem posicionada no mercado, essa participação de 49,9% foi entregue por R$ 320.000.000 (trezentos e vinte milhões de reais) ao grupo financeiro, num negócio como fosse de pai para filho.

A propaganda do BRB diz que foi um bom negócio, mas na realidade é uma ação que tem a finalidade de encobrir a nada diligente gestão que o banco vem tendo. Até esta data, a Administração do BRB não publicou as demonstrações financeiras do 1º trimestre deste ano, ou seja, tenta esconder seus feitos e não presta contas  à sociedade sobre um bem público como o BRB.

Quem são os proprietários do Kardbank

Os proprietários do Kardbank possuem uma larga ficha corrida em suas ações. Para acumular um império econômico, o seu principal acionista responde a muitos crimes de lavagem de dinheiro. Segundo o site JusBrasil, José Ricardo Lemos Rezek possui 66 processos no TJSP, no TRF1 e em outros tribunais. Em 2004, a Polícia Federal realizou a prisão de quatro pessoas envolvidas em lavagem de dinheiro, matéria divulgada pelo Diário do Nordeste (13.5.2004), sendo que um dos sócios da fintech, que comprou a BRB Financeira, André Azin, foi preso pelo envolvimento na lavagem de dinheiro e outros crimes, como denunciou na época o delegado Bérgson Toledo da Silva.

Diante desses fatos, será que a Administração do BRB foi diligente nessa transação?

BRB, um banco que tem que servir ao povo de Brasília 

Criado em 1964, o Banco de Brasília S/A – BRB tem uma história que se confunde com a existência da capital federal, entretanto, o governo de Ibaneis Rocha tem demonstrado total desprezo por esse patrimônio do povo e de Brasília.

Para enfrentar esse ataque, o Sindicato dos Bancários tem tido uma atuação permanente, com a mobilização da categoria e constantes denúncias aos órgãos de controle do BRB, Banco Central e TCDF, sobre a política danosa do governo Ibaneis.

A Advocacia Garcez, que representa o Sindicato dos Bancários, informou que foram encaminhados requerimentos com pedidos de informações à Diretoria do BRB e representação ao Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) contra a venda de ações por baixos valores. As duas ações ainda não tiveram respostas. “O fatiamento do BRB traz grandes prejuízos à saúde financeira da instituição, colocando em risco a sua sobrevivência em face da forma açodada, sem planejamento dessas negociações. Prova disso foi a determinação do Banco Central de republicação de balanço”, afirmou o advogado Ângelo Remédio.

Em conjunto com suas assessorias técnicas, a diretoria do Sindicato vem acompanhando esse processo, mostrando que a venda de carteiras de crédito, baixa de provisões, venda de empresas do conglomerado, são todas inciativas para gerar resultados que o banco não tem conseguindo no operacional, em razão de uma trajetória açodada e mal planejada de expansão que eleva seus custos de captação,  piora a qualidade da carteira de crédito e expõe a instituição ao risco de desenquadramento no requerimento mínimo de capital regulamentar.

E, ainda assim, sem gerar resultados consistentes e recorrentes e com redução do capital regulamentar, a Administração do BRB tem insistido em distribuir dividendos muito acima do mínimo obrigatório, o que concorre para piorar a situação do capital regulamentar do banco.

Todos os governos neoliberais que têm assumido o Palácio do Buriti têm tido uma obsessão em acabar com o BRB, provocando seu sucateamento e o seu fatiamento para que a instituição seja privatizada. Essa ação busca criar as condições para repassar a instituição financeira aos acionistas e especuladores, agiotas que atuam por meio de fintechs, instituições virtuais que acumulam lucros fabulosos, em uma ação articulada entre o capital financeiro e a tecnologia, sempre com o apoio de governos neoliberais. O banco fez isso ao longo de 2023. Vendeu ativos de boa qualidade, primeiro para o Byx Capital e depois para a Facta Financeira, repetindo mais uma vez agora, ao vender grande parte da BRB Financeira para a Kardbank, porém garantindo aos acionistas os dividendos, mesmo aumentando os prejuízos.

Dizia Bertold Brecht, antes de começar a Segunda Guerra Mundial: “o que é um assalto a um banco diante de um banco”. Isso é o que temos visto, diante da concentração cada vez maior entre os setores da economia nas mãos de poucas pessoas, o que aumenta a exploração da categoria bancária e de todos os trabalhadores e trabalhadoras. A venda da BRB Financeira para um punhado de poderosos, investigados por crimes contra o sistema financeiro, como a lavagem de dinheiro, mostra o acerto do poeta alemão, que, para controlar esse importante setor do BRB, não medem esforços para garantir o aumento da concentração em vários setores da economia, como mostrado acima.

O Sindicato não abrirá mão de seu papel em defender o patrimônio público, como o Banco de Brasília S/A e fazer a permanente fiscalização da instituição, denunciando o fatiamento provocado por este governo de Brasília, inimigo da população, dos bancários e do patrimônio público.

Da Redação