Sindicato promove lançamento de livros e campanha para enfrentar a conjuntura política

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O Sindicato promoveu na quarta-feira (10) o lançamento dos livros O Brasil que queremos, organizado pelo cientista político Emir Sader, e Por que gritamos golpe?, coletânea que pretende apontar caminhos para entender o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a crise política no Brasil. Também foi lançada em Brasília a campanha “Se é público, é para todos”, uma iniciativa do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.

O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, destacou a relevância do evento, considerado essencial para compreender e avaliar o que está acontecendo no país. “Sabemos que estamos vivendo um golpe, um período de desmonte social. E o que vamos e podemos fazer diante disso?”, questionou, para demonstrar que o momento é de reflexão. E acrescentou que a campanha lançada visa sensibilizar os próprios bancários da importância de se manter aquilo que é público e com o “espírito” de que seja público para todos e não somente para uma minoria.
Por que gritamos golpe?, da editora Boitempo Editorial e que tem parceria da Federação dos Trabalhadores das Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), é uma coletânea de artigos, charges e fotos criados por mais de 30 autores de diversas correntes de pensamento. “O livro é uma verdadeira frente ampla intelectual contra esses ataques a nossos direitos e por isso apoiamos o seu lançamento”, explicou o presidente da Fetec-CUT/CN, José Avelino.
“Essa iniciativa faz parte da política de formação sindical da Federação, que é o de ampliar cada vez mais o conhecimento e assim capacitar os trabalhadores a estarem mais preparados para fazer o enfrentamento contra o capital e defender os nossos direitos e interesses. Para isso, precisamos fazer a disputa da narrativa com os grandes meios de comunicação que estão a serviço do patronato”, ressaltou Jacy Afonso, secretário de Formação da Fetec-CUT/CN.
O Brasil que queremos
O renomado cientista político Emir Sader, organizador de O Brasil que queremos, esclareceu que, “com esse título, estamos começando a colocar em prática um projeto que pretende, através de um amplo ciclo de debates com movimentos sociais, culturais, com as distintas expressões da juventude, com intelectuais, professores e profissionais, formular propostas do país que queremos, do Estado, da sociedade, da vida e do futuro que queremos para todos nós”.
Sader complementou: “Ao mesmo tempo, queremos mobilizar e trazer para o debate e a ação política por essas propostas setores hoje praticamente ausentes do cenário político, como as mulheres e os jovens”.
Segundo o cientista político, o livro pretende sair do labirinto atual no qual a sociedade se encontra. “Esse modelo de Estado que está aí não dá mais, ele não é democrático e deve ser profundamente reformulado. O Brasil que queremos pretende ser o território de socialização do debate sobre o país que almejamos, mais além dos avanços logrados na última década e dos problemas que enfrentamos hoje”, enfatizou.
A publicação reúne artigos de uma série de autores e temas. Nomes como o de Luiz Inácio Lula da Silva, Leonardo Boff, Marilena Chauí, Marcia Tiburi e Dalmo Dallari tratam da democracia representativa, economia, sistema financeiro nacional, tributação e sistema político.
Se é público, é para todos


A campanha nacional Se é público, é para todos é uma iniciativa do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, criado na luta contra o PLS 555. Depois de vários meses de luta contra o PLS 555, o chamado Estatuto das Estatais foi aprovado no Senado com avanços significativos obtidos pela mobilização dos movimentos sindical e social, e chegou à Câmara dos Deputados como PL 4918. Retornou ao Senado e se tornou a lei 13.303, ainda passível de questionamentos por apresentar contradições e aspectos inconstitucionais, como a discriminação a sindicalistas na participação de conselhos das empresas.
A Fenae, presidida por Jair Pedro Ferreira, que também é dirigente da FETEC-CUT/CN, apoia e coordena o comitê. A iniciativa se justifica porque ainda há hoje vários projetos no Congresso Nacional que representam grave ameaça à Caixa, ao Banco do Brasil, aos Correios, BNDES, Petrobras, empresas do setor elétrico, entre outras, além de segmentos básicos como a saúde, educação e habitação.
Maria Rita Serrano, diretora da Contraf-CUT, coordenadora do Comitê e conselheira suplente dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, esclareceu que a campanha oficializa uma luta em defesa do bem público,  que vem de longa data no movimento sindical bancário e hoje ganha força nacionalmente na integração com outras categorias e no enfrentamento ao governo privatista de Michel Temer.
Serrano falou da importância de sensibilizar a sociedade a lutar por seus direitos e ressaltou que é nas crises que se reinventa. “O momento é difícil, mas, por outro lado, é hora de resistir e de nos mobilizarmos”.
O conselheiro de Administração eleito da Caixa Econômica Federal, Fernando Neiva, também presente no evento, ressaltou sobre a atual conjuntura delicada e convocou a todos a se engajarem na luta contra os ataques aos direitos dos trabalhadores. “Precisamos ter uma unidade muito forte. E também é preciso nos reorganizarmos para um enfrentamento”.  
Para Eduardo Araújo, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, “é fundamental garantir a liberdade de organização dos trabalhadores e fortalecer a defesa do patrimônio público. Para além de fazer um diagnóstico da conjuntura, é preciso fazer a luta para resistir e avançar”, arrematou.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília