Sindicato lança livro que resgata a sua história  

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“Sindicato dos Bancários de Brasília – uma história”, o primeiro livro da coleção composta por três volumes e cinco capítulos foi lançado nesta terça-feira (2), no Teatro dos Bancários. Ex-presidentes da entidade, dirigentes, delegados e militantes sindicais, além dos filhos do combativo e histórico líder Adelino Cassis, o grande homenageado, prestigiaram o evento.

A coletânea, baseada no trabalho de pesquisa de uma equipe de profissionais da Universidade de Brasília (UnB), relata os 55 anos de luta da entidade, desde o surgimento da Associação que deu origem ao Sindicato, em 1960, até os dias atuais, passando por momentos críticos como o regime militar e seus desdobramentos no movimento sindical bancário.

Este primeiro volume da série é composto de dois capítulos. O primeiro narra da fundação da Associação dos Bancários ao golpe civil-militar de 1964. O capitulo 2 se estende desse marco traumático para o país ate o ressurgimento do movimento sindical combativo e a vitória do Movimento Bancário de Renovação Sindical (MBRS), em 1980, pondo fim ao ciclo dos dirigentes dóceis ao patronato e ao regime militar.

A publicação traz ainda os perfis de três grandes lideranças históricas responsáveis pela criação do Sindicato dos Bancários de Brasília – Adelino Cassis, Alvimar Figueira da Fonseca e Antunes de Queiroz Chaves.

“Dedicamos esse livro aos milhares de bancários e bancárias que nessas décadas lutaram e lutam contra a exploração, por uma vida mais digna e pela consolidação da democracia em nosso país, muitos pagando com duras privações pessoais”, ressaltou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo. E acrescentou: “São eles que construíram essa história e deixam esse legado de vitórias e conquistas às próximas gerações”.

O primeiro exemplar foi entregue aos filhos de Adelino Cassis , Luiz Carlos (Carlinhos) e Dulcinéa. “Estou muito feliz, é um alívio ver que essa história está preservada. É o fechamento de um ciclo de vida, uma sensação de dever cumprido”, disse Carlinhos.

A irmã Dulcinéa endossou: “É uma alegria muito grande poder ver documentada essa história, que está em nossos corações, com dor, mas também com muito orgulho. É uma semente que foi plantada com muitas lágrimas, mas que floresceu e hoje é uma árvore frondosa, com muitos frutos”. 

Protagonistas da história

“Este livro tem uma fundamental importância porque traz toda a história da luta dos trabalhadores bancários na construção de um novo movimento sindical, que surgiu em 1979 no ABC e se expandiu para todo o país, contribuindo para que tivéssemos hoje um movimento sindical robusto”, comentou José Alves da Silva, que presidiu o Sindicato de 1998 a 2001.

 “A luta dos trabalhadores de Brasília e de todo o Brasil é uma historia de conquistas e de muita mobilização, que vem ao longo de décadas e décadas”, completou José Wilson da Silva, presidente do Sindicato em 2003.

Atualmente diretor da Fetec-CUT/CN, Jacy Afonso de Melo destacou a importância da combinação entre a história do Sindicato e da  classe trabalhadora de outras categorias, relatadas nos dois livros lançados. E frisou o seu orgulho de concretizar um sonho enquanto esteve na presidência do Sindicato, de 2004 a 2007, quando o Banco do Brasil e a Caixa passaram a assinar a Convenção Coletiva Nacional da categoria bancária.

A deputada federal Erica Kokay, que presidiu o Sindicato por duas gestões – de 1992 a 1997 –, também ressaltou a alegria em ter participado “dessa história das grandes lutas da categoria bancária, que foi construída a partir da luta da entidade sindical”.  Segundo a parlamentar, a história do Sindicato se confunde com a história da construção da cidadania, da democracia, e com a história da classe trabalhadora do DF. “Por tudo isso, essa entidade é um sindicato cidadão”.

Presidente da CUT/Brasília, Rodrigo Britto presidiu o Sindicato de 2007 a 2013. Ele ressaltou a importância de cada bancário e bancária “ter acesso a esse livro que conta uma história importante para a classe trabalhadora como um todo. Afinal, o Sindicato tem uma contribuição importantíssima nos avanços e conquistas para os trabalhadores do DF e do país”. 

Sindicato cidadão

A doutora em Sociologia Nair Bicalho, que coordenou a equipe de pesquisa da UnB, assinalou que este livro é o começo da história de um sindicato cidadão que foi matriz do movimento sindical de Brasília. “O Sindicato dos Bancários de Brasília foi o grande incentivador, apoiador das diferentes oposições e grupos sindicais progressistas que lutavam por um Brasil justo e democrático, e que encontraram nesta entidade uma trajetória exemplar”, frisou.

Bicalho informou que o livro teve como referências um conjunto de fontes documentais combinadas com um trabalho de campo extenso e uma diversificada pesquisa realizada em sítios eletrônicos. Foram consultadas 577 atas, compostas por informes de reuniões de diretoria, assembleias e audiências, entre outros. Também foram realizadas 28 entrevistas com dirigentes sindicais. O trabalho foi iniciado em 2003 e concluído em 2014.

Responsável pela produção editorial do livro, José Luiz Frare (Coelho) considerou “apaixonante fazer esse trabalho que, embora tenha partido de uma pesquisa feita por uma equipe da UnB, foram necessárias novas pesquisas para situar a história dos bancários de Brasília dentro do contexto nacional de lutas e da construção da unidade”. 

Por que cruzamos os braços

Juntamente com a do Sindicato, foi lançada a publicação do Dieese “Greves no Brasil (de 1968 aos dias atuais) – Por que cruzamos os braços”, o primeiro de uma série de cinco publicações que trarão depoimentos de 60 importantes lideranças de greves, de 11 estados do país e do DF, desde 1968 até a atualidade. A publicação faz parte das comemorações dos 60 anos de fundação do Dieese.

Carlindo Rodrigues, técnico do Dieese e um dos organizadores da coletânea de entrevistas que compõem o livro, destacou a importância da iniciativa em confeccionar ambas as obras para resgatar a memória dos trabalhadores nas lutas que resultaram em conquistas bastante significativas. “É uma experiência significativa que serve de farol para outras instituições”.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília