Sindicato faz protesto contra ampliação do horário das agências do Itaú até as 20h

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Sem contratar mais trabalhadores e reforçar a segurança nas agências, o Itaú decidiu ampliar de forma unilateral o horário de atendimento de inúmeras unidades em todo o país nesta semana. Em Brasília, 11 locais já funcionam dentro do novo formato. Para o Sindicato, que discorda com veemência da prática, não existe demanda da sociedade para fazer essa mudança. Por isso, dirigentes sindicais realizaram protestos nesta sexta-feira 31 no Setor Comercial Sul (SCS) contra a decisão do banco.

“Enquanto o Itaú não contratar mais bancários e reforçar a segurança em todas as agências, o Sindicato realizará protestos para denunciar aos clientes e usuários que o banco não oferece condições dignas de trabalho e nem segurança aos trabalhadores e frequentadores das unidades”, afirmou a secretária de Assuntos com a Comunidade do Sindicato, Louraci Morais, também bancária do Itaú.

Desde segunda-feira (27), o Itaú mudou o horário de atendimento ao público de inúmeras agências, com abertura a partir das 9h e fechamento até as 20h. A maior parte das unidades está localizada em shoppings e corredores mais movimentados de grandes cidades. O objetivo do banco é chegar a 1,5 mil agências com horários ampliados em todo o território nacional.

Insegurança

 

Com duas agências do Itaú com horário ampliado, o SCS é conhecido por ser uma região de tráfico de drogas e de prostituição. Coração financeiro da capital federal, o setor tem alto índice de criminalidade. Nesta semana, um morador de rua foi encontrado morto nas proximidades das agências do Itaú.

 

“Se no horário antigo (entre 17h e 18h) eu já tinha medo de andar pelo SCS, imagine agora que sou obrigada a sair depois das 20h?”, revelou uma bancária que preferiu não se identificar. “O SCS é inseguro e não conta com rondas da polícia”, acrescentou.

 

Além de não se preocupar com a segurança dos seus funcionários, o Itaú também fecha os olhos para a integridade física de seus clientes e usuários. Isso porque o banco não está garantido a presença mínima de dois vigilantes para a abertura das agências com horário ampliado.

 

“Não permitiremos que as agências funcionem precariamente. Os funcionários e os clientes não podem ser expostos dessa forma pelo banco. Se quer ampliar o horário, o Itaú deve contratar mais bancários e reforçar o número de vigilantes”, destacou o secretário de Administração do Sindicato, Edmilson Lacerda, que também é bancário do Itaú.

 

Discriminação


Não bastasse isso, o Itaú também está discriminando os não correntistas, ao estender o horário apenas aos clientes da instituição financeira.

 

“Quando estende o seu horário de atendimento das 17h às 19h em algumas unidades e das 9h às 11h em outros locais apenas para correntistas, o Itaú descumpre norma do Banco Central”, observou Edmilson Lacerda. “O banco também condiciona o atendimento para operações acima de R$ 5 mil, o que também não é permitido pelo BC, uma vez que banco é concessão pública e não pode discriminar o atendimento”, acrescentou o dirigente sindical.

 

Diretor do Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal, Edmilson Rodrigues também esteve presente no protesto e endossou apoio ao Sindicato dos Bancários. “Também exigimos que o Itaú contrate mais vigilantes e reforce a segurança em suas agências”.

 

Acima de tudo, o lucro

 

O banco lucrou no primeiro semestre de 2012 o montante de R$ 7,12 bilhões e, mesmo assim, fechou mais de 9.014 mil postos de trabalho no intervalo de um ano, entre 2011 e 2012.

 

“O Itaú também não quer pagar hora extra para os bancários que trabalham nas agências com horário estendido”, lembra o diretor do Sindicato Washington Henrique, acrescentando que a instituição quer transferir as horas trabalhadas excedentes para o banco de horas.

 

O Sindicato está de olho no Itaú e promete atuar em todas as frentes para garantir o direito dos bancários, clientes e usuários.

 

“Chega de truques, Itaú!”, protestou o presidente do Sindicato e da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Britto, fazendo alusão ao mote da Campanha Nacional dos Bancários.

 

Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília