Sindicato fará pesquisa para investigar patologias relacionadas às plataformas digitais

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Para  marcar o Dia Mundial de Combate às LER/Dort (Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), o Sindicato anunciou no último dia 28, durante ato em agências e escritórios digitais, que fará uma pesquisa para investigar os indicadores relacionados à organização do trabalho, ao modelo de gestão, ao sofrimento e danos físicos, psicológicos e sociais que se encontram na base do adoecimento dos bancários que trabalham nas plataformas digitais.   

O objetivo é subsidiar as políticas e práticas sindicais e institucionais de prevenção do adoecimento dos bancários, em especial por LER/Dort. O levantamento terá a parceria do Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB) e do Gepsat (Grupo de Estudos em Práticas em Clínica, Saúde e Trabalho) e terá a coordenação da professora Ana Magnólia, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da mesma universidade.

Durante o ato, Mônica Dieb, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, alertou os trabalhadores sobre os riscos dessas enfermidades profissionais que acometem a categoria desde os anos 1990, causando dor e sofrimento, e o que é pior, dependendo do agravamento, podem se tornar irreversíveis e incapacitantes, comprometendo também a vida social e o bem-estar psíquico do trabalhador.

“A pesquisa é um passo fundamental para dar visibilidade a esta modalidade de organização do trabalho em plataforma digital, que tem gerado muitas queixas dos trabalhadores, sofrimento e afastamentos. Será uma oportunidade para identificar esses riscos e construir coletivamente estratégias de luta para prevenção e promoção da saúde do trabalhador bancário, que tem sido afetada intensamente”, destaca Mônica.


Especialista questiona modelo de organização nos bancos

“O que fazer frente ao sofrimento quando 100% não é mais o limite? Como o trabalho nas plataformas digitais agravam o sofrimento pela intensificação do trabalho?”, questiona Ana Magnólia. “Vender essa falta de limite é uma intenção deliberada do discurso capitalista no contexto neoliberal e totalitário. E quantos de nós compra esse discurso? Como somos capturados e enredados na ilusão de que o excesso, a excelência e a perfeição são dimensões do humano? Como enfrentar esse modelo que nos torna submissos a um prescrito da ordem do impossível?”, acrescentou.

A professora traz reflexões essenciais para o debate do sofrimento e adoecimento dos trabalhadores causados pela organização do trabalho, que visa o lucro acima de tudo e de todos, e pelos modelos que nos desafiam a  encontrar saídas que passam pelo fortalecimento do trabalho coletivo de ação.

“Pensamos que nesse modo de organização do trabalho se esconde uma tragédia para o sujeito, que de forma muito mais sútil, sofisticada e velada se desvincula da sua condição humana, acreditando que seu corpo é infalível e sua mente inesgotável. Este tipo de organização do trabalho propõe um modelo inumano”, esclarece Ana Magnólia.

Confira o boletim informativo distribuído pelo Sindicato durante o ato:

Da Redação