Sindicato divulga pesquisa sobre adoecimento bancário

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A Comissão Intersetorial em Saúde do Trabalhador (Cist-DF), da qual o Sindicato faz parte, se reuniu na quinta-feira (2) para apresentação da pesquisa ‘Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário’ e debater outros assuntos relacionados à saúde do trabalhador. A reunião ocorreu na sede da Cist-DF, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).

“Mesmo durante a greve, em que nossa agenda é lotada, fizemos questão de apresentar a pesquisa na Cist-DF, pois é uma importante contribuição dos trabalhadores para que o Conselho de Saúde desenvolva políticas de prevenção e de melhorias para todos os trabalhadores, sejam eles celetistas, servidores ou terceirizados”, afirma o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura, que também é membro da Cist-DF.

“Essa foi a primeira reunião que fizemos sobre a saúde do trabalhador, tema que tanto precisa ser debatido. Os dados serão mais uma ferramenta de pressão para que os órgãos competentes promovam programas de saúde que coloquem o trabalhador no foco. A Cist-DF tem um significativo papel de fazer o controle social e receber as demandas dos trabalhadores”, diz o coordenador da Cist-DF, Mário Cesar Althoff.

O estudo foi feito em parceria entre o Sindicato, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde do Trabalhador e o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), sob a coordenação da professora e doutora Ana Magnólia Mendes. Foram 2.111 bancários entrevistados entre os meses de novembro de 2013 e abril de 2014.

Vários dados apontados na pesquisa mostram sérios riscos à saúde dos bancários. Diante do estresse, da política de gestão que estimula o individualismo, da concorrência exagerada e da pressão excessiva por metas nos bancos, 78,2% dos entrevistados afirmam que já pensaram em sair do banco e 58,5% deles gostariam de mudar de emprego.

O índice de adoecimento também se mostra alto. Dos entrevistados, 88% afirmam que conhecem colegas que se afastaram por doença relativa ao trabalho. No item sobre assédio moral, os dados mostram uma situação de precarização no sistema de trabalho, em que 58,8% dos bancários pesquisados afirmam ter sofrido assédio moral no ambiente de trabalho. Além disso, 70% vivenciam a indignidade no trabalho.

“A estrutura de trabalho e o modelo de gestão bancário propiciam o assédio moral com excesso de pressão diária e outros itens. De acordo com a pesquisa, entre as principais causas para os dados negativos estão a falta de participação dos trabalhadores nas decisões dos bancos, prazos inflexíveis e o excesso de normas. Nessa realidade, os bancários relataram também que vivem um dilema ético porque devem vender produtos para atingir metas, mesmo que não compartilhem desses valores”, destaca a psicóloga Fernanda Duarte, integrante do projeto da pesquisa ‘Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário’.

Pesquisa com servidores do DF

Durante a reunião da Cist-DF, foi apresentada, ainda, uma pesquisa sobre a saúde dos servidores do Distrito Federal, realizada entre 2011 e 2012, pela Subsecretaria de Servidores de Saúde do DF. Esse estudo também foi acompanhado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde do Trabalhador e o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB).

Os dados mostram o sofrimento dos servidores do DF no trabalho, o que provoca o afastamento de 48% desses trabalhadores, devido a doenças, por uma média de 14,3 dias.

“Também constatamos que os principais motivos do afastamento são por transtornos mentais e doenças do sistema osteomuscular. Os mais atingidos por problemas de saúde no trabalho são os professores. Em segundo lugar estão os servidores da área de saúde”, comenta Luciane Kozicz, subsecretária de Saúde, Segurança e Previdência dos Servidores do Distrito Federal. Luciane também participou como pesquisadora do projeto.

Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília