Sindicato discute direitos da comunidade LGBTS em edição do Brasília Debate

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Políticas públicas e cidadania LGBTS foram tema do Brasília Debate realizado na quinta-feira (20), na sede do Sindicato. O evento contou com participação da deputada Federal Erika Kokay; do representante da Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual na Fetec-CUT/CN Wadson Boaventura; e do jornalista e empresário André Fischer, diretor do portal LGBT Mix Brasil. O evento faz parte da programação da 15ª Parada do Orgulho Gay de Brasília, que aconteceu no último domingo (23).

A tentativa da sociedade brasileira de limitar expressões de afeto é, segundo a deputada Federal Erika Kokay, uma afronta à existência humana. É a partir desse tipo de atitude que começa a naturalização da violação de direitos, um perigo não só para homossexuais, mas para qualquer sociedade civilizada, afirmou ela.

“Nós vivemos com o lamentável número de 40 mil assassinatos [de gays] por ano. Somos uma sociedade violenta, homofóbica e intolerante, e isso não pode continuar. Não existe um país que assassina homossexuais e preserva os negros porque as políticas públicas são interligadas. Ou avançamos contra o preconceito como um todo ou viveremos eternamente em um processo de resistência, e não de avanço”, apontou a deputada.

Definida por Wadson Boaventura como uma categoria “conservadora”, o diretor do Sindicato defendeu a necessidade de se ampliar as discussões sobre o tema juntamente com bancários e bancárias. Segundo ele, a falta de critérios de ascensão claros nos bancos privados é um dos pontos que precisam ser debatidos e mudados, pois hoje é instrumento usado para justificar o preconceito.

Como exemplo, Wadson citou o fato de serem poucos os negros ocupando postos de gestores e atendimento ao público, e “promoções” criadas para forçar a demissão dos homossexuais. “Se eu sei que aquele bancário que já assumiu ser homossexual é bom trabalhando com números e o promovo para um cargo onde é necessário fazer bons relatórios, estou intencionalmente provocando o mau desempenho do trabalhador, forçando uma demissão em algum momento”, explica.

“Quando não se tem regras claras sobre como ocorre a ascensão dentro da instituição financeira, é possível facilmente prejudicar pessoas competentes por puro preconceito. O preconceito ainda é um mal existente na sociedade brasileira, mas precisamos continuar lutando por direitos civis para todos”, defendeu.

André Fischer, militante da causa LGBT, condenou o estigma da Parada do Orgulho Gay de evento comemorativo. “Nós estamos ali para exigir direitos”, afirma. Segundo ele, é necessário que os homossexuais assumam a postura de militantes que lutam por um projeto, e não que se reúnem somente para festejar.

“Não interessa a ninguém pessoas que vão à Parada para fazer farra. Queremos pessoas para lutar e com capacidade de se organizar. Temos perdido muito por não conseguirmos assumir nossas bandeiras como sendo algo realmente necessário para a sociedade, por isso precisamos aumentar nosso nível de organização. Somente assim conseguiremos estabelecer avanços”, destacou André.

Pricilla Beine
Do Seeb Brasília