Protesto dos empregados marca rodada de negociação com a Caixa

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A segunda rodada de negociação da mesa permanente com a Caixa, na manhã desta sexta-feira (7), foi marcada por protesto da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) pela valorização dos bancários e em repúdio às últimas posturas da direção da empresa que apontam para o claro desmonte do banco.

Além de reafirmar a campanha permanente por uma Caixa 100% pública, voltada para o seu papel social, a Comissão denunciou a constante falta de transparência da empresa, principalmente no que diz respeito à divulgação do último balanço e do anúncio, via imprensa, do fechamento de cerca de 120 agências, feita pelo presidente Gilberto Occhi.

Também foram cobrados esclarecimentos sobre a segunda parcela da PLR e acerca da demanda extra aos empregados que estão trabalhando até no sábado no pagamento das contas inativas do FGTS.

“Os empregados procuraram os sindicatos com muitas dúvidas sobre esses processos e nós não tínhamos informações precisas para repassar. Essa postura nebulosa da Caixa acabou gerando um clima de incerteza e de insegurança entre os empregados”, destacou o secretário de Divulgação do Sindicato, Antonio Abdan, que representou a Fetec-CUT/CN na CEE. 

Prática antissindical

Outra questão que foi bastante enfatizada pelos representantes tem a ver com a nota divulgada pela Caixa, na qual afirma que a greve dos bancários foi um dos fatores responsáveis pela queda do lucro da empresa e, por tabela, pela diminuição do valor da PLR.

Para Abdan, a intenção do banco está clara. “Além de tentar colocar no empregado a culpa pelo resultado ruim, a Caixa tenta coibir novas greves e enfraquecer a categoria bancária, o que consiste numa afronta ao direito de greve e, com isso, uma prática antissindical.”

Saúde Caixa

A Caixa anunciou que quer realizar mudanças na sua participação no plano de saúde dos empregados e insinuou que o Saúde Caixa também é responsável pelo resultado negativo do banco, haja vista o aprovisionamento de recursos para seu custeio.

A Comissão lembrou que os problemas não dizem respeito ao Saúde Caixa ou aos trabalhadores e sim às normas contábeis para atender as necessidades do sistema financeiro. Compete à Caixa discutir com o Banco Central e com o governo medidas para minimizar a situação sem retirar direitos dos empregados. Diferente do que vem sendo feito pelo banco, que quer criar um teto para o Saúde Caixa e, ainda, aumentar a participação dos empregados.

Ameaça aos direitos dos trabalhadores

Com relação à divulgação do último balanço pelo presidente do banco, os representantes dos empregados pediram esclarecimentos de três pontos: quais os critérios para o fechamento de cerca de 120 agências, qual o andamento do processo de reestruturação em curso e qual o motivo de a empresa ameaçar os direitos dos trabalhadores ao expor para a mídia que o Saúde Caixa e o fundo de pensão são os causadores do baixo resultado da instituição.

Os representantes do banco não apresentaram nenhuma informação relativa ao fechamento das agências. Sobre a reestruturação, informaram que a empresa está fazendo adequações no processo em questões pontuais, equalizando os postos de trabalho e mudando nomenclaturas, sem que haja mudanças de locação.

“Não que defendemos reestruturação alguma. Para nós do movimento sindical, quanto menos mexer com o empregado, melhor. Entretanto, dada a falta de transparência da Caixa, não queremos ser surpreendidos com extinção de unidades, realocações e perdas de função típicas desse contexto. Nossa preocupação em trazer esses pontos para a mesa tem como objetivo a salvaguarda do direito dos empregados e a construção de um ambiente saudável de trabalho”, ressaltou Abdan.

Pagamento da PLR

Com relação ao pagamento da segunda parcela do PLR, a Comissão cobrou esclarecimentos sobre a diferença entre a projeção de lucro líquido feita para o pagamento da primeira parcela (R$ 6,7 bi) e a realizada, que, por conta de acertos contábeis, gerou um valor abaixo do esperado (R$ 4,1bi), frustrando a expectativa dos empregados.

Outro questionamento foi com relação à data do depósito dessa parcela, paga em 31 de março, último dia previsto pelo Acordo Coletivo. No ano passado, a Caixa pagou na primeira quinzena de março.

Para os representantes dos trabalhadores, esses fatos mostram o não reconhecimento da Caixa para com seus empregados, uma vez que estes cumpriram com seu papel. Para que o desempenho do funcionalismo seja devidamente reconhecido este ano, a Comissão solicitou que a PLR seja recalculada. Desta vez o cálculo seria feito em cima do lucro recorrente e não sobre o líquido. Os representantes da Caixa se comprometeram a levar a reivindicação para a diretoria da empresa, mas adiantaram que será difícil os órgãos controladores aceitarem a proposta.

“Outro problema com o pagamento da segunda parcela da PLR está na forma como tudo aconteceu. Para nós o erro foi grotesco. Nunca houve uma diferença tão grande entre o valor orçado e o realizado. A demora no pagamento, a falta de comunicação e a projeção da primeira parcela criaram uma expectativa nos empregados que não se concretizou, derrubando o ânimo de todos. Lembremos que a segunda parcela é o último recurso livre que o bancário tem. Agora começa o período das ‘vacas magras’ e muitos empregados estão com um rombo em suas finanças. Por que o banco não fez nada para amenizar essa situação?”, questionou Abdan.

Horas extras

A Comissão cobrou informações sobre a requisição de bancários para trabalhar neste sábado (8) para atender a população nas questões referentes às contas inativas do FGTS. Pediu esclarecimentos sobre a notícia de que o banco colocará seus empregados para trabalhar somente na área de autoatendimento e alertou para os riscos que tais medidas podem trazer para a segurança dos bancários, vigilantes, clientes e usuários. Também cobrou informações sobre o não pagamento do adicional de hora extra de 100%. A Comissão Executiva vai acrescentar a irregularidade à denúncia que já existe no Ministério Público do Trabalho.

Caixa nega contratações

Para a Comissão, o fato de a Caixa convocar seus empregados para fazerem hora extra durante a semana e trabalhar no sábado denuncia, claramente, que a empresa está operando com um número reduzido de trabalhadores. O que demonstra a necessidade por mais contratações.

“Nas agências, nos dias de pico e com o pagamento do FGTS inativo, ficou pior: observamos filas quilométricas, demora no atendimento, clientes estressados e empregados exaustos, acuados e com medo. A população, indignada, acaba descontando a raiva nos empregados, partindo, em alguns casos, até para a agressão física, uma vez que a agressão verbal é rotineira. Isso tira do bancário o prazer na atividade laboral, levando-o ao adoecimento. Outro prejuízo é na imagem da Caixa, pois ninguém sai satisfeito ao ficar mais de duas horas para ser atendido”, analisou Abdan.

Segundo os representantes da Caixa, o assunto já foi discutido na diretoria, mas precisa passar pelo órgão controlador que, como já foi falado em outros momentos, não tem intenção em liberar novas contratações.

PSI

Os processos seletivos internos serão retomados até o final deste mês. Segundo a Caixa, os PSIs foram suspensos por conta de estudos de redimensionamento.

Greve geral dia 28

Com as frases “Nenhum direito a menos” e “Juntos somos mais fortes”, os empregados afirmaram que irão se juntar às outras categorias na greve geral do dia 28 de abril em defesa da previdência, dos direitos trabalhistas e das empresas públicas.

Rosane Alves
Do Seeb Brasília