Proposta fraca. Greve segue forte em Brasília e no resto do país

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A assembléia de ontem, no Setor Bancário Sul, que rejeitou a nova proposta da Fenaban e manteve a greve

A proposta feita pelos banqueiros na primeira rodada de negociação desde a deflagração da greve pelos trabalhadores, foi um balde de água fria na expectativa de solução do impasse.

De uma proposta de 7,5% de reajuste para todos os bancários, feita em 24 de setembro, praticamente há um mês, os patrões conseguiram evoluir sem sair do lugar. No encontro desta quinta-feira 16, em São Paulo, ofereceram 9% para quem ganha até R$ 1.500, mantendo os mesmos 7,5% para os salários superiores a esse valor.

Para a PLR, mantiveram a mesma regra do ano passado (80% do salário mais valor fixo de R$ 957,02 já corrigido pelos 9%). O valor adicional pago quando os lucros crescem pelo menos 15% também seria corrigido pelos 9%.

O Comando Nacional dos Bancários, do qual participa o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto, insistiu o quanto pode em que a Fenaban oferecesse algo aceitável à categoria. O esforço durou o dia todo, mas foi em vão. Os bancos expuseram a intransigência de sempre. Para Rodrigo, “os patrões ainda não entenderam que precisam avançar no que estão propondo ou estão à espera do esmorecimento da categoria, o que é um grande equivoco da parte deles”.

A quase nova proposta foi recusada pelo Comando na própria mesa de negociação. Em assembléias por todo o país, a categoria expressou sua indignação, decidindo continuar em greve e buscar a ampliação do movimento. A assembléia de Brasília contou com cerca de quatro mil bancários.

Negociações continuam

As negociações com a Fenaban prosseguem nesta sexta-feira e, possivelmente, no final de semana. Na segunda-feira 20, os bancários de Brasília têm assembléia às 18h, no SBS.

No Banco do Brasil, na Caixa e no BRB, as negociações de itens específicos também continuam. Nesses bancos, o argumento de suas diretorias para ficarem no vai-não-vai é de que precisam aguardar a evolução das discussões na mesa da Fenaban para apresentarem proposta global aos seus funcionários.

As negociações específicas foram retomadas após o compromisso feito pelos bancos na quarta-feira 15 aos parlamentares mobilizados pelo Sindicato. A boa novidade depois disso foi o anúncio feito pelo BB de que concorda com a implantação do plano odontológico até o final do primeiro semestre de 2009. 

Ações judiciais

O Sindicato ingressou nesta quinta-feira 16 com uma ação na Justiça do Trabalho contra a decisão do Banco do Brasil de descontar na folha de pagamento do mês de outubro o primeiro dia da greve da categoria, em 30 de setembro, conforme consta na prévia do contracheque dos funcionários.

Os argumentos da representação dos trabalhadores são que a atitude do banco fere o direito de greve e que só acordo coletivo ou decisão judicial podem definir o desconto ou a compensação dos dias parados. O Sindicato já obteve liminar que impede a Caixa de caracterizar os dias de greve como faltas não-justificadas.

Paralisação em alta

A greve no Distrito Federal mantém-se forte, com adesões contínuas. Nos bancos privados, é uma das maiores já realizadas. O exemplo está no banco Itaú, que teve 27 de suas 29 agências paralisadas nesta quinta-feira 16.

“Nosso movimento mostrou-se sólido desde o início e vem agregando número cada vez maior de bancários a cada dia. É preciso que o nível de participação e a disposição de luta sejam mantidos até o desfecho das negociações, pois é isso que dará a dimensão da nossa vitória”, diz André Nepomuceno, secretário-geral do Sindicato.