‘Precisamos incluir 1 milhão de trabalhadores do ramo financeiro’

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“Reorganizar todos os trabalhadores envolvidos no processo de intermediação financeira, e não somente os bancários, para fazer frente e aumentar o poder de pressão sobre um capital em constante transformação”. Assim resumiu o diretor de Organização da Contraf/CUT, Miguel Pereira, o novo desafio colocado para o movimento sindical diante das transformações por que passou o sistema bancário nas últimas décadas.

“Reorganizar todos os trabalhadores envolvidos no processo de intermediação financeira, e não somente os bancários, para fazer frente e aumentar o poder de pressão sobre um capital em constante transformação”. Assim resumiu o diretor de Organização da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Miguel Pereira, o novo desafio colocado para o movimento sindical diante das transformações por que passou o sistema bancário nas últimas décadas.

Segundo Miguel, é nesse contexto de reestruturação dos conglomerados bancários e a partir da necessidade de representar esses trabalhadores que surge a proposta de criação da Contraf, efetivada em janeiro do ano passado. “A Contraf é a concretização de uma estratégia de se contrapor à política dos bancos de, via terceirizações fraudulentas e criação de outras empresas, passar por cima dos direitos da categoria”, frisou.

Esses trabalhadores a que o diretor da Contraf/CUT se refere são os mais de 1 milhão de trabalhadores espalhados pelo país, prestando serviços às instituições financeiras, mas sem serem considerados bancários (financiários, correspondentes bancários, promotores de vendas, operadores de cartão de crédito etc). Por conta desse vácuo de identidade enquanto categoria, são submetidos a condições degradantes de trabalho, que vão da baixa remuneração à falta de representatividade classista, passando pela extrapolação da jornada de trabalho e falta de registro na carteira, numa verdadeira fraude das relações trabalhistas.

De acordo com Miguel, o objetivo da Confederação é representá-los em sua totalidade, assinando uma Convenção Coletiva Nacional que contemple esse montante de trabalhadores do sistema financeiro e não somente os cerca de 400 mil bancários. “Trata-se de um dos principais pontos da bandeira de luta do movimento sindical, ampliando o conceito de categoria bancária para o de ramo financeiro, embora esbarremos na legislação, que não abraça essa ampliação”, explicou Miguel.

Luta de classes

O objetivo da Contraf em reunir todos esses trabalhadores sob a bandeira da unidade faz frente ao movimento de reestruturação pela qual os bancos vêm passando, principalmente nas duas últimas décadas e que influiu decisivamente na forma de organização da produção, explicou Miguel.

Basicamente, em função das transformações do cenário econômico do início da década de 90, os conglomerados bancários adotaram, como mecanismo de mercado, a estratégia de segmentação que envolve a captação de recursos e empréstimos em empresas diferentes de uma mesma holding e a oferta de uma infinidade de produtos e serviços financeiros, com a cobrança de tarifas.

A consequência mais visível dessa segmentação foi a terceirização da mão-de-obra. Com isso, outros trabalhadores passaram a executar tarefas que antes eram feitas pelos bancários. "É contra essa nova lógica, que deteriora as relações trabalhistas, que temos que lutar", convocou o diretor da Contraf/CUT.