Polícia prende oito que fraudavam o BRB

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A Polícia Civil prendeu na manhã de ontem pelo menos oito integrantes de uma organização criminosa suspeita de fraudar dados bancários e furtar quantias de contas-correntes de clientes do Banco Regional de Brasília (BRB). O desfalque nos cofres da instituição bancária podem chegar a R$ 200 milhões. As prisões fazem parte do desdobramento da Operação Safira, que tem como objetivo cumprir, nos próximos dias, 14 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. Os criminosos foram detidos em duas regiões administrativas do DF, em Planaltina e no Sudoeste, e, em Goiás e Mato Grosso. Cerca de 70 agentes participam da terceira etapa da ação.

O delegado-chefe da 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), Victor Dan, disse que a investigação de oito meses mostrou que o grupo atuava em movimentações financeiras de clientes do BRB havia pelo menos cinco anos. Resultado: prejuízo anual estimado em R$ 40 milhões ao banco. A polícia contabiliza mais de 200 pessoas lesadas somente em 2015.
Segundo Victor, as investigações apontam que hackers auxiliavam a quadrilha a invadir o sistema das contas bancárias a partir de e-mails enviados para os usuários. “Ao abrir a mensagem, os clientes tinham a conta invadida, e os dados bancários copiados. A quadrilha, então, fazia a transferência dos valores para a conta de laranjas, que repassavam as quantias aos membros do grupo”, detalha.

Outros dois integrantes da organização, Romoaldo Landim dos Santos e o agente penitenciário Marcos Paulo Silva Barbosa, tinham sido presos anteriormente. A dupla dava desconto de 30% a 40% a servidores públicos e empresários com débitos em aberto de impostos. Para justificar o benefício concedido, os envolvidos alegavam que tinham créditos de precatórios — indenizações devidas a eles pelo Estado — e se ofereciam para pagar as taxas. Diante da resposta positiva do cliente, o golpista recebia o dinheiro. Mas, para pagar o débito, não usava a quantia recebida. Recorria a um hacker para fazer o pagamento com um montante desviado de correntistas do banco.

Vítimas
Até agosto, a PCDF identificou mais de 500 beneficiários da fraude, que acabaram quitando débitos por meio da prática da organização. Dezenas de vítimas também tiveram contas bancárias invadidas. Em seis casos, os hackers usaram senhas do internet banking para realizar as operações. “As investigações continuam para identificar e localizar os demais integrantes da organização criminosa”, adianta Victor Dan. Os envolvidos podem pegar até 10 anos de prisão, se condenados. “Até amanhã (hoje), esperamos prender mais suspeitos para que tenhamos novas evidências sobre o caso”, conclui.

A Assessoria de Imprensa do BRB afirmou, por meio de nota, que a área de segurança do banco acompanha a tendência do cibercrime a fim de adotar medidas de combate e proteção dos clientes. “Afirmamos que as ações e soluções de segurança implantadas nos últimos anos permitiram, em algumas ocasiões, antecipar as ações fraudulentas e, em outras, bloquear a fraude consumada. O BRB não teve perdas financeiras significativas, considerando a natureza da atividade bancária e dos produtos e serviços oferecidos pelo canal internet banking”, destaca a nota. “O BRB informa que o valor dos golpes é muito inferior ao que foi divulgado na mídia, e que não será divulgado por questões de segurança”, completa, dizendo que a instituição está ajudando ao máximo a Polícia Civil nas investigações.

Prejuízo

Em 24 de outubro, a 11ª Delegacia de Polícia prendeu Romoaldo Landim dos Santos, suspeito de praticar fraudes bancárias em contas-correntes de clientes do BRB. A prisão fez parte da Operação Safira, que, em 6 de agosto, cumpriu a detenção do agente penitenciário Marcos Paulo Silva Barbosa. À época da prisão, calculava-se um prejuízo de
R$ 20 milhões aos cofres do BRB, por ano.

Fonte: Correio Braziliense