No foco: desmonte acelerado da Caixa

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Medidas para dissecar o banco público vai atingir serviços prestados à toda a população e empregados da Caixa

Na edição desta terça-feira (19), o jornal Valor Econômico informou que a Caixa deu início ao “processo de desinvestimento e capitalização com uma agenda frenética de encontros com bancos de investimento”.

Na prática, a presidência da Caixa está iniciando as negociações para o fatiamento de ativos societários, que inclui, portanto, a venda dos produtos e serviços mais rentáveis, seguindo um cronograma que combina maior liquidez e menor resistência política. Ou seja, quanto mais rápido o lucro e menor resistência à sua venda, mais acelerada seguirá a privatização do banco. A ordem é tornar o processo mais palatável e menos perceptível.

Isso se reflete na mudança de estratégia da presidência da Caixa que iniciará o processo por uma oferta subsequente (follow-on) da resseguradora IRB e, possivelmente na Caixa Seguros, nas quais a Caixa tem participação; e nas participações que Caixa detém ou gere em outras estatais, como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras.

O objetivo principal, contudo, é passar ao mercado unidades do banco rentáveis nas áreas de seguro (Caixa Seguridade), gestão de ativos (Caixa Participações), loterias e cartões. A presidência da Caixa quer arrecadar pelo menos R$ 30 bilhões em transações de mercado de capitais neste ano e um volume semelhante em 2020, com a venda de suas empresas chave que constituem a parte mais rentável do banco.

“A intenção é privatizar setores estratégicos da Caixa, dissecando o banco para torná-lo frágil e deficitário. Nem as empresas privadas se desfazem do centro de produtos seus negócios, como por exemplo a seguradora, porque são essas áreas que dão lucro. No caso da Caixa, esses lucros são revertidos em prestação de serviços para toda a população brasileira, desde a habitação até o pagamento de programas sociais”, afirma o presidente da Fenae, Jair Ferreira.

O processo está se iniciando de forma tangencial para evitar confronto político com diversos setores da sociedade. Segundo o Datafolha, 60% dos brasileiros rejeitam as privatizações. No caso da Caixa, que tem um papel social insubstituível, a venda da instituição terá reflexo em toda sociedade. “O desmonte social é muito grave, terá consequências na oferta da moradia, infraestrutura, no bem-estar da população, principalmente de baixa renda e todos os empregados da Caixa.”, afirma o presidente da Fenae.

“A história nos mostra que a Caixa já foi atacada em outros momentos e resistiu graças a luta dos empregados e de toda a sociedade. E não faremos diferente agora! Momento é de unir forças, conscientizar e mobilizar. Resistiremos a essas investidas. O que é público é de todos!” reforça Fabiana Uehara, diretora do Sindicato e da Contraf-CUT.

Da Redação com Fenae