Negociação avança e PLR dos bancários do HSBC não terá desconto

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Bancários na mesa de negociação com o HSBC nesta terça-feira 19

A Contraf-CUT, federações e sindicatos, incluindo o de Brasília, retomaram o processo de negociação com o HSBC nesta terça-feira (19), em São Paulo, criticando as ações unilaterais tomadas pela instituição financeira, especialmente em relação ao plano de saúde, ao Programa de Participação nos Resultados (PPR) próprio do banco, além da implementação da previdência complementar, elaborada sem a participação do movimento sindical e que exclui a maior parte dos funcionários.

Depois de uma série de reuniões sem que o HSBC apresentasse efetividade nas propostas, seus representantes reconheceram a necessidade de um processo negocial mais efetivo. Entre os representantes do banco estiveram o seu presidente, André Brandão, e o diretor de Recursos Humanos para América Latina, João Rached.

“Nossa posição sobre o descaso do banco na efetividade do processo de negociação foi contundente e seus representantes reconheceram isso, tanto que colocaram peso na reunião e seu presidente esteve presente ao final dela”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. “O banco assumiu esse compromisso e agora está com o HSBC a responsabilidade de tornar esse processo sério e com retornos efetivos aos bancários”.

PLR sem desconto

O banco anunciou que pagará integralmente a PLR, regra básica mais adicional no valor próximo ao pago na primeira parcela – cerca de R$ 600. O pagamento será efetivado em 27 de fevereiro. “O valor exato, porém, depende do fechamento do balanço do banco, que será publicado até início de março”, alerta Carlos Alberto Kanak, coordenador nacional da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC.

O banco confirmou, portanto, que o pagamento do programa próprio de remuneração (PPR Vendas/PPR Atendimento) será feito sem o desconto na PLR. Entretanto este valor terá redução de 15% a 20%, comparativamente ao ano passado, em razão de não ter atingido o fator de cumprimento dos 100% da performance coletiva e pela alta PDD (Provisões para Devedores Duvidosos), que somente no primeiro semestre de 2012 foi três vezes maior do lucro líquido.

“É importante ressaltar que o não desconto da PLR é um avanço conquistado pela luta dos bancários em todo o país. Outro ponto relevante que cobramos do HSBC é transparência com a publicação das informações sobre balanço, assim os trabalhadores poderão verificar como será efetuado o pagamento e como será o impacto das Provisões para Devedores Duvidosos na PLR”, destaca Paulo Frazão, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, que participou da negociação.

Descaso com a saúde do trabalhador

O banco fez alterações unilaterais no plano de saúde em janeiro prejudiciais para os funcionários, retirando direitos do pessoal da ativa e dos aposentados.

“Além dos reajustes que encarecerão o custo dos trabalhadores, o banco está criando uma nova divisão entre os bancários: os que são beneficiados pela Lei Federal nº 9.656/98 e têm direito à manutenção do plano de saúde (seis meses a dois anos) por contribuírem mensalmente e os que não terão a chance de contribuir e, por isso, não poderão usufruir da manutenção para além do que determina a convenção coletiva (máximo de 270 dias)”, alerta Alan Patrício, secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT.

Durante a reunião, os representantes do banco apresentaram as mudanças feitas no plano em detalhes. “As modificações definitivamente não garantem melhorias ou a manutenção da qualidade do plano”, critica Kanak.  

A proposta do movimento sindical é a suspensão das mudanças e o início do processo de negociação. “Além disso, nossa proposta da universalização do serviço, comprometimento percentual da renda do funcionário e progressividade no pagamento”, detalha o coordenador na COE.

Há sete anos o banco não negocia melhorias no plano de saúde com o movimento sindical. “Até 2005 havia uma negociação sistemática para discutir temas como reajuste, melhorias e ampliação dos benefícios no plano. De lá para cá não houve mais negociação e as mudanças são feitas unilateralmente”, critica Alan.

O banco deve avaliar as propostas e uma nova reunião foi marcada para a primeira quinzena de março para tratar do assunto.  

As reivindicações dos trabalhadores de melhorias no Plano de Previdência Complementar também estão na pauta da próxima reunião. Entre os itens importantes para os bancários do HSBC estão o aumento no percentual de participação do banco na previdência complementar e a inclusão dos empregados que ganham abaixo de R$ 3.500 no plano.

Isenção do IR

Os bancários serão beneficiados pela primeira vez com a nova tabela de Imposto de Renda sobre o pagamento da PLR. Pela nova regra, quem recebe até R$ 6 mil ao ano de PLR fica isento de IR e os descontos são progressivos a partir desse valor, mas todos pagarão menos imposto.
 
“Para conquistarmos a isenção do imposto foi necessária muita mobilização. Os bancários, junto com outras categorias, lutaram e agora desfrutarão de mais esse benefício. Essa sempre foi uma reivindicação da categoria e conseguimos avançar em mais esse item”, afirma o diretor do Sindicato Raimundo Dantas.

O desconto também diminuiu para os que ganham até R$ 10 mil. A dedução do imposto cai de R$ 1.993,47 para R$ 375 nesse caso. Para quem recebe até R$ 15 mil, o IR cai de R$ 3.368,47 para R$ 1.338,75. E para a PLR de R$ 20 mil, o desconto que era de R$ 4.743,47 vai para R$ 2.704,37.

Presença

Estiveram presentes à negociação representantes dos bancários de todas as federações e dos maiores sindicatos do país.

Já o HSBC esteve representado ainda pelos diretores de RH Benefícios, Gilson Pessoa, RH Remuneração, Antenor Castro, Diretora de RH, Vera Saicali, Diretoria de Relações Sindicais, Antonio Carlos e Gilmar Lepchak.

Da Redação com informações da Contraf-CUT