#NaLutaPeloEmprego, bancários cobram responsabilidade social dos bancos e expõem números de fechamentos de agências, demissões e descumprimento de acordo

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A rodada de negociação desta quinta-feira (6) entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban colocou em pauta um dos eixos fundamentais da Campanha Nacional dos Bancários 2020. A manutenção do emprego e a suspensão das demissões, pauta dessa segunda rodada de negociação, cobrada pelos dirigentes sindicais, após detida exposição em relação à deliberada política de fechamento de agências e postos de trabalho por parte dos bancos, teve como resposta da Fenaban pedido de prazo para discutir as propostas apresentadas. O que disseram que farão na semana que vem.

Os sindicatos, munidos dos subsídios e informações levantados pelo Dieese, expuseram os números relativos à categoria em vários aspectos. O primeiro destaque ficou para o alto número de agências fechadas nos últimos anos, seguido do baixo índice de contratação de trabalhadores. Para o Sindicato, essa conta não fecha, visto que, para bem atender às necessidades da população, garantindo aos bancários e bancárias condições adequadas para executar as tarefas, são necessários pessoal e lugares de atendimento, uma vez que a sobrecarga de trabalho é cada vez mais denunciada.

Do período de março de 2014 a março deste ano, mais de 3 mil agências foram fechadas, resultando queda na soma de novos bancários de 11% entre 2014 e 2018. Os três maiores bancos privados, por exemplo, fecharam juntos 5.793 postos de trabalho em 12 meses.

E a realidade durante a crise sanitária, econômica e política por que passa o Brasil só acentuou a disparidade entre o fechamento de agências, demissão de trabalhadores e os altos lucros. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus tendo impactado diretamente a economia do país, Itaú, Santander e Bradesco tiveram alta de 7,5%, 8,8% e 3,2%, respectivamente, nos lucros no 2º semestre de 2020.

Somente entre janeiro de 2013 a dezembro de 2019 os bancos fecharam 70 mil postos de trabalho, o que equivale a uma redução de cerca de 14% da categoria. Sendo que 51 mil postos foram cortados só entre 2016 e 2019. “A equação do absurdo, egocêntrica e que impõe o lucro acima de qualquer princípio, inclusive da vida, é insustentável. Apesar da pandemia, a divulgação dos balanços semestrais dos 3 maiores bancos privados continua a expor esse contrassenso. Apenas com arrecadação de tarifas, todos esses bancos arrecadaram mais do que o necessário para pagamento de todas as despesas de pessoal, destaque especial vai para o banco espanhol que obteve quase duas vezes esse valor”, esclarece Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.

Desrespeito aos acordos, precarização dos empregos e redução da renda do trabalho

Desrespeitando o acordo estabelecido com os trabalhadores logo no início da quarentena, o Santander demitiu e fechou 844 postos de trabalho. O Bradesco, na mesma linha, outros 447 postos de trabalho e, como informa o presidente do banco ao jornal Valor Econômico, a previsão é fechar mais 400 agências até o fim do ano.

Essa política adotada pelos banqueiros é referendada pelo governo de Jair Bolsonaro que, desde que assumiu a presidência, atua de forma a tornar precária as relações de trabalho, beneficiando os grandes empresários. Prova disso é a Medida Provisória 905, conhecida como MP da Carteira Verde e Amarela, que pretendia ampliar a reforma trabalhista promovendo uma série de mudanças que desprotegeriam os trabalhadores em benefício dos patrões.

“Em um país onde o contingente de desocupados aumentou de 6,7 a 12,6 milhões entre 2014 e 2019, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), a flexibilização, o fim da proteção social e dos direitos trouxeram efeitos ainda mais devastadores para o povo. Mais emprego precarizado significa menos renda na mão dos trabalhadores”, explica Kleytton.

Com esta conjuntura, cabe ao trabalhador e trabalhadora bancários fortalecer as trincheiras em defesa dos direitos já conquistados, unificando a luta pela manutenção dos empregos.

Digitalização

Os representantes da Fenaban preferiram argumentos que tentam esconder e suavizar a sua notória incoerência com o discurso da responsabilidade social. Apontam que a redução do número de agências leva em conta uma mudança na cultura dos clientes, que diante da pandemia aceleraram e muito a curva de aprendizagem dos canais remotos e de atendimento digital.

“Ignoram, com a histórica conivência dos órgãos de controle e até do legislativo, que bancos são concessões públicas no Brasil. Como tal deveriam está a serviço da população em todo território nacional, assistindo com crédito desburocratizado às pequenas e médias empresas, levando os serviços, bancarizando milhões de brasileiros invisibilizados pelas estatísticas como vimos nessa pandemia. Deveriam, consoante a coerência da responsabilidade social que propagandeiam ter, assumir compromissos efetivos, em mesa de negociação bipartite ou em fóruns com interveniência do estado, com a requalificação e inserção produtiva dos trabalhadores impactados pelas inovações tecnológicas, contribuindo para contornar o aprofundamento do desemprego”, criticou Kleytton.

O dirigente aprofunda o tom da crítica e alerta: “enfim, o debate, apesar de longo é extremamente necessário, face o naturalizado absurdo que aqui assegura que um cartel de bancos privados domine o Estado, do regulador ao regulado, e ao seu exclusivo interesse ainda chama o sistema financeiro de… mercado”.

Veja as datas das próximas negociações

11 de agosto – saúde e condições de trabalho
13 agosto – Igualdade
14 de agosto – Cláusulas Sociais
18 de agosto – Cláusulas Econômicas

Da Redação