Na véspera da negociação, bancários paralisam agências e exigem proposta sem truques

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Insatisfeitos com os truques dos banqueiros, que apresentaram na semana passada proposta de reajuste de 6% (cerca de 0,7% de aumento real) sobre todas as verbas salariais, bancários de todo o país realizaram nesta segunda-feira (3) um Dia Nacional de Luta para pressionar os bancos a atender as reivindicações da categoria. Em Brasília, os trabalhadores das agências do Setor Comercial Sul (SCS) paralisaram suas atividades até as 12h.

 

 

 

Nova negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e os representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) está marcada para esta terça-feira (4). “Basta que os patrões apresentem uma proposta séria e que realmente valorize os trabalhadores para que não tenhamos interesse em fazer greve. Não queremos fazer greve, mas usaremos esse artifício, que é legal, se for necessário”, frisou o diretor do Sindicato Eduardo Araújo.

 

 

Para mostrar que as instituições financeiras têm plenas condições de atender as reivindicações da categoria, basta analisar o lucro dessas empresas. Os seis maiores bancos que atuam no Brasil tiveram lucro líquido de mais de R$ 25 bilhões no primeiro semestre de 2012.

 

 

Diante dos lucros extraordinários dos bancos, o secretário de Finanças do Sindicato, Wandeir Severo, exigiu uma proposta decente. “Se o banqueiro não negociar, o banco vai parar. As instituições financeiras estão contratando a conta-gotas, enquanto o lucro sobe extraordinariamente”.

 

Presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CN), José Avelino destacou que  bancárias e bancários de todo o país estão unidos para cobrar dos patrões avanço nas negociações. Todos os estados das regiões Centro-Oeste e Norte aderiram ao movimento.

 

Depende dos bancos

Com poucos bancários para atender a demanda crescente, trabalhadores, clientes e usuários reclamam da superlotação nas agências. Vários bancos do SCS estavam abarrotados de pessoas que aguardavam por atendimento no momento do protesto da categoria.

 

“Também reivindicamos o fim das filas enormes, o fim da discriminação dos clientes de baixa renda e a redução das taxas e dos juros“, salientou a diretora do Sindicato e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) Fabiana Uehara.

 

Clientes e usuários dos bancários apoiaram o Dia Nacional de Luta dos bancários.

 

“Uma melhoria no atendimento bancário passa, necessariamente, pela contratação de mais bancários. Além disso, o aumento do quadro de pessoal proporcionará mais qualidade de vida dos trabalhadores. A situação está crítica e muitas instituições ainda demitem. O Itaú é uma dessas empresas. Em Brasília, mais de 60 funcionários do banco foram dispensados neste ano”, denunciou o diretor do Sindicato Washington Henrique.

 

“É possível sim reduzir as filas, ampliar o horário de atendimento das agências bancárias e valorizar os bancários, que trabalham arduamente para cumprir as metas abusivas e aumentar os lucros dos bancos. A solução desses problemas depende única e exclusivamente das instituições financeiras”, observou o presidente do Sindicato e da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Britto.

 

Não caia em truques, informe-se pelos meios de comunicação do Sindicato


O Sindicato alerta os bancários a acompanharem as informações da Campanha Nacional 2012 somente pelos meios de comunicação oficiais da instituição.

 

“Nós zelamos pela informação correta e de qualidade. Antes de colocar uma notícia em nosso site e/ou enviarmos um boletim eletrônico, temos a preocupação de checar a fonte e analisar a informação com todos os critérios necessários. Por isso, não caiam em truques. Acessem nosso site (www.bancariosdf.com.br) e fiquem por dentro de todas as notícias da campanha e de outros assuntos de interesse da categoria”, afirmou a secretária de Imprensa do Sindicato, Rosane Alaby.

 

O que os bancários querem


Confira, abaixo, as principais reivindicações dos bancários:

 

* Reajuste salarial de 10,25%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação projetada de 4,97%.
* PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos.
* Piso da categoria de R$ 2.416,38.
* Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
* Auxílio-educação para graduação e pós-graduação.
* Auxílio-refeição e vale-alimentação, cada um igual ao salário mínimo nacional (R$ 622,00).
* Emprego: aumentar as contratações, acabar com a rotatividade, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas) e ampliação da inclusão bancária.
* Cumprimento da jornada de 6 horas para todos.
* Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral para preservar a saúde dos bancários.
* Mais segurança nas agências e postos bancários.
* Previdência complementar para todos os trabalhadores.
* Contratação total da remuneração, o que inclui a parte variável da remuneração.
* Igualdade de oportunidades.

 

Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília