Denúncias e relatos que se repetem em diferentes casos indicam que a Caixa Econômica Federal tem apresentado, novamente, o alarmante padrão em que empregados denunciados por assédio moral estão sendo promovidos, enquanto aqueles que têm coragem de denunciar enfrentam retaliações, isolamento e perda de funções. O cenário aponta para a manutenção de uma cultura institucional de medo, silenciamento e impunidade.
Bancários e bancárias que têm realizado denúncias na Ouvidoria da Caixa têm sido vítimas de vazamentos e alegam que as provas apresentadas são ignoradas. Em alguns relatos, nem as testemunhas foram ouvidas.
Após as denúncias, alguns passaram a sofrer esvaziamento de funções, transferências forçadas e exclusão deliberada de processos decisórios.
Em contrapartida, os acusados — mesmo com histórico de reclamações formais — seguem avançando na hierarquia da empresa, chegando a altos cargos e passando a mensagem de que o assédio é valorizado.
Essa situação lembra o passado recente, quando o então presidente do banco, Pedro Guimarães, pediu demissão após ser acusado de centenas de casos de assédio sexual e moral.
Retaliações disfarçadas e falta de transparência
Entre as formas mais comuns de retaliação estão a remoção de tarefas estratégicas, a exclusão de reuniões e a mudança de lotação sem justificativa. Em alguns casos, as vítimas relatam ter sido alocadas em posições sem nenhuma função real, como forma de punição velada — uma prática que lembra o assédio institucional.
Internamente, há críticas também à falta de transparência nos processos conduzidos pelo próprio banco, sem a participação de órgãos externos ou comissões independentes — processos nos quais os vazamentos são frequentes e os direitos fundamentais, como o de apresentar provas e indicar testemunhas, são sistematicamente violados.
Além disso, temos acompanhado casos concretos em que a CORED ignora ou arquiva denúncias sérias feitas por diversas pessoas contra um mesmo denunciado. Mesmo diante da recorrência das acusações e da gravidade dos relatos, esse tipo de conduta não é devidamente apurado — e o denunciado continua sendo promovido, fortalecendo a sensação de impunidade.
Em alguns casos, esses indivíduos, já em posições de poder, passaram a agir como se fossem intocáveis. Chegam ao ponto de retirar a função de gerentes nacionais e executivos simplesmente por não fazerem parte do seu grupo de afinidade pessoal, desconsiderando completamente o histórico e o excelente trabalho desempenhado por esses profissionais junto às suas equipes e à própria empresa.
Essa prática reforça a cultura do medo e enfraquece ainda mais os laços de confiança dentro da organização.
É urgente que a alta gestão da Caixa Econômica Federal se comprometa, de fato, com a escuta ativa, com a proteção real de quem denuncia e com a responsabilização de quem comete assédio. O silêncio institucional e a repetição desses padrões são, por si só, formas de conivência. E a omissão custa caro — para as pessoas, para o ambiente de trabalho e para a reputação da empresa.
Denuncie ao Sindicato
Se vc está passando por algum tipo de assédio ou conhece algúem que está sendo assediado, denuncie através do canal de denúncias do Sindicato dos Bancários de Brasília. O sigilo é garantido.
Da Redação