MST realiza 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha

0

A participação de meninas e meninos nos movimentos populares é um exercício de democracia. Fruto de diversas atividades pelo Brasil, desde a primeira mobilização infanto-juvenil de Porto Alegre/RS em 1994, os encontros das crianças do campo têm consolidado a pauta da infância dentro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na perspectiva de continuidade dessa ação educativa, acontece de 23 a 26 de julho, o I Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, promovido pelo MST em parceria com as Aldeias Infantis SOS Brasil, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília.

“Sem Terrinha em Movimento: Brincar, Sorrir, Lutar por Reforma Agrária Popular” é o tema do encontro que pretende reunir participantes de todo o país para partilharem vivências da infância camponesa. O evento terá caráter político, pedagógico e lúdico- cultural, e contará com mais de mil crianças, acompanhadas por 400 educadores que participarão de uma programação educativa, lúdica e cultural a luz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na perspectiva do direito à educação e alimentação saudável.

As crianças – com faixa etária entre 8 e 12 anos – sairão de 24 estados do Brasil para debater seus direitos e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), bem como a luta por escolas do campo, por alimentação saudável e Reforma Agrária Popular. A programação também contará com atividades culturais, educativas, brincadeiras, oficinas de arte e cultura, entre outras.

Os organizadores entendem que a Reforma Agrária Popular não pode ser construída sem compreender e dialogar com os Sem Terrinhas. Afinal, se está bom para as crianças, está bom para todo mundo. O direito a comer e viver saudável perpassa pelo sentido de garantir a convivência familiar e comunitária dessas pessoas. Garantir saúde, cultura e lazer, a partir também da construção participativa de uma educação pública de qualidade e empenho na democratização agroecológica da terra.

“A família das crianças Sem Terra luta para ter acesso à terra, educação, saúde, ou seja, condições dignas de vida. Nesse bojo, as crianças participam da luta, pois acompanham a família, sendo essa uma condição de vida da classe trabalhadora”, elucida a dirigente do setor de educação do MST, Márcia Ramos.

Toda construção do encontro foi pensada e está acontecendo de forma coletiva, a partir das demandas das próprias crianças, que participaram de oficinas anteriores, debates nas escolas do MST, Cirandas Infantis e encontros estaduais preparatórios. Durante o evento, elas participarão da coordenação geral e de equipes, como a comunicação e animação das atividades.

“Nós partimos do princípio de que as crianças são sujeitos de direito, podem e devem opinar sobre sua realidade e participar das decisões. Como elas estão inseridas nesse processo desde cedo, a gente trabalha com elas para que entendam a própria realidade e possam lidar com ela. Nesse sentido, ao longo das três décadas de luta, o MST construiu a sua própria pedagogia, que visa a emancipação humana, da criança e do adulto”, explica Ramos.

Fonte: MST