Movimentos apontam as consequências do racismo aos negros no mercado de trabalho

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A avaliação dos presentes é que as ações implementadas até o momento não causaram mudanças significativas

Os 388 anos de escravidão no Brasil deixou uma marca sem precedentes à população negra em diversas áreas. No mercado de trabalho, os danos são refletidos, entre outros pontos, na desigualdade salarial e nos empregos precários e com baixa remuneração.

E mesmo com a atuação de movimentos negros pela construção de políticas públicas reparativas, as ações implementadas não foram suficientes para causar mudanças significativas.

Foi o que apontou o Seminário 136 anos da falsa abolição: Como o racismo afeta a classe trabalhadora?, realizado na última segunda-feira (6). Organizada pela Secretaria de Combate ao Racismo da CUT-DF, a atividade contou com a participação de representantes de diversas entidades.

Segundo estudo apresentado pela técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Mariel Angeli, os negros são 56% do mercado de trabalho, mas apenas 33% ocupam cargos de chefia. Outro dado preocupante é que quase metade da população negra no mercado de trabalho não possui carteira assinada, ou seja, não é protegida pela Consolidação das Leis do Trabalho.

“Todas essas questões, nesses 136 anos, não foram suficientes para a gente algumas das questões tão importantes no mercado de trabalho”, disse Mariel.

O racismo é um sistema ideológico

Já a assessora chefe de Participação Social e Diversidade do Ministério do Trabalho e Emprego, Anatalina Lourenço, destacou que “o sistema é um leque de ideias construído historicamente que mantem o racismo existindo cotidianamente”.

“Não é uma relação só colonial ou territorial. É uma relação mundial. E o racismo é um sistema ideológico porque, nos diferentes territórios, você vai ter grupos étnicos que construíram o poder econômico, mas estão fora dele”, afirmou.

Falsa Abolição

Nos últimos anos, movimentos negros têm rescrevido a história e o real significado do dia 13 de maio. Historicamente, a data é comemorada no Brasil como o dia da Abolição da Escravidão, destacando o suposto heroísmo da princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea.

No entanto, as novas visões trazem um novo olhar e dão o devido destaque a figuras históricas que foram protagonistas na luta pelo fim da escravidão. Entre os principais nomes, destacam-se Luís Gama, André Rebouças, Adelina, Maria Firmina dos Reis e outros.

“O 13 de maio deve ser um dia de luta por reparação histórica ao povo negro. Nessa data, lembramos as heroínas e os heróis, negras e negros que conquistaram a liberdade com muita resistência. Portanto, não há o que comemorar!”, disse a secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, Ana Cristina Machado.

Veja mais fotos da atividade aqui.

Assista ao debate completo abaixo.

Fonte: CUT-DF