Apesar das ameaças de descomissionamento e de corte do ponto – truques utilizados pelos banqueiros para enfraquecer a mobilização e amedrontar os trabalhadores –, mais de 70% dos bancários e bancárias do Distrito Federal aderiram à greve nesta quarta-feira (19), segundo dia da paralisação da categoria. No total, 449 unidades, entre agências e PABs (postos de atendimento bancário), ficaram fechadas.
“Os números são excelentes para um segundo dia de greve. Se a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) insistir nos 6% de reajuste e nas pífias propostas que apresentou na última rodada de negociação, realizada dia 4 de setembro, em São Paulo, os bancários intensificarão a paralisação em todo o país”, afirma o diretor do Sindicato Eduardo Araújo, que integra o Comando Nacional dos Bancários e representa os trabalhadores de Brasília nas negociações com os bancos.
Com o slogan ‘Chega de truques, banqueiro!’, a Campanha Nacional 2012 dos bancários luta por aumento real, valorização do piso, mais contratações, fim das metas abusivas e combate ao assédio moral, mais segurança e igualdade de oportunidades.
“As instituições financeiras, que não enfrentam crise alguma, têm plenas condições de valorizar os trabalhadores e melhorar o atendimento aos clientes e usuários do sistema financeiro”, explica o secretário de Finanças do Sindicato, Wandeir Severo, ao lembrar que somente as cinco maiores instituições financeiras tiveram R$ 50,7 bilhões de lucro líquido em 2011, com uma rentabilidade de 21,2%, a maior do mundo. Já no primeiro semestre deste ano, ainda de acordo com Severo, as mesmas instituições apresentaram lucro líquido de R$ 24,6 bilhões, maior que em igual período do ano passado.
Greve forte em todo o país
Se em Brasília mais de 70% dos bancários aderiram à greve, no resto do país a situação não é diferente. Nesta quarta-feira, segundo dia da greve, subiu para 7.324 o número de agências e centros administrativos de bancos públicos e privados fechados, segundo balanço realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) com base nos dados enviados até as 17h45 pelos 137 sindicatos que integram o Comando Nacional da categoria. Na terça-feira (18), primeiro dia da paralisação, 5.132 agências haviam sido fechadas. Na greve do ano passado, foram paralisadas 6.248 unidades no segundo dia.
Os trabalhadores da região do Entorno também aderiram em massa à greve nacional dos bancários. De acordo com levantamento do Sindicato dos Trabalhadores no Ramo Financeiro da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Sintraf-Ride), 47 unidades, entre agências e PABs, ficaram fechadas. O número representa 76% de adesão da categoria.
Largue o mouse e venha reforçar a greve
Greve se faz na rua, conscientizando os colegas que ainda insistem em trabalhar e explicando a população os motivos do movimento. “Largue o mouse e venha participar da nossa paralisação. O sucesso da greve depende da sua participação”, observa o presidente do Sindicato e da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), Rodrigo Britto.
Receita de greve
Para o Sindicato, a receita de uma greve forte deve conter unidade, disposição de luta, mobilização, empenho, energia, solidariedade e coragem. “Na medida certa, esses ingredientes fazem a diferença em qualquer movimento”, destaca a diretora do Sindicato e da Contraf-CUT Fabiana Uehara. “Não é fácil fazer greve. O movimento requer união de todos os trabalhadores, independentemente do cargo, do banco, da idade, da etnia, do sexo e da opção sexual”, acrescenta Fabiana.
“Essa vai ser a greve da diversidade, com a participação em massa de todos os bancários do DF. Venha se juntar ao nosso movimento”, convida a secretária-geral do Sindicato, Cida Sousa.
Nova assembleia nesta quinta
Para avaliar, definir os rumos do movimento e analisar uma possível proposta da Fenaban, o Sindicato convoca todos os bancários e bancárias para nova assembleia nesta quinta-feira, às 17h, na Praça do Cebolão, Setor Bancário Sul (SBS).
“O momento é de unir forças para consolidar a greve. Por isso, compareça à assembleia para definirmos juntos os rumos da paralisação. A greve tem a ver com você, bancário e bancária”, frisa a secretária de Imprensa do Sindicato, Rosane Alaby.
O que os bancários querem
Confira, abaixo, as principais reivindicações dos bancários:
● Reajuste salarial de 10,25%.
● Piso salarial de R$ 2.416,38.
● Jornada legal de 6 horas para todos.
● PLR maior.
● Mais contratações, proteção contra demissões imotivadas e fim da rotatividade.
● Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral.
● Mais segurança.
● Igualdade de oportunidades.
Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília