Em marcha histórica, 200 mil ocupam Brasília contra as reformas do governo

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Brasília foi tomada nesta quarta-feira (24) por cerca de 200 mil manifestantes, vindos de várias partes do País, que, portando bandeiras, faixas, cartazes e balões, marcharam pela Esplanada dos Ministérios exigindo a retirada das nefastas propostas de reforma da Previdência e trabalhista e a saída do ilegítimo Michel Temer, com a convocação de eleições diretas.

Foi o #OcupaBrasília, considerado o maior protesto já realizado na Capital e o primeiro de rua promovido pelos movimentos sindical e sociais após delações dos donos da JBS colocarem o nome de Michel Temer no epicentro dos escândalos políticos decorrentes das investigações da Operação Lava-Jato.

A movimentação começou ainda na noite dessa terça-feira (23), com a chegada de delegações vindas de vários Estados – Brasília recebeu 500 ônibus com caravanas, que se concentraram no Estádio Mané Garrincha, de onde os trabalhadores saíram em marcha às 11h desta quarta-feira. No trajeto pelo Eixo Monumental, mais pessoas foram se juntando à mobilização, pacificamente.

Faixas e placas com dizeres contra as reformas predominaram no protesto, que também. No caminhão de som, os organizadores gritavam e cantavam “Um, dos, três, quatro, cinco mil, parem as reformas ou paramos o Brasil”. Também eram ouvidos gritos de Fora, Temer e eleições diretas já!

O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, presente no ato, declarou que as manifestações não acabaram hoje. “O próximo passo será uma greve geral de 48 horas, a ser organizada pelo movimento sindical”.

Também presente no ato, a bancária e deputada federal Erika Kokay (PT/DF) reforçou as críticas às reformas “que retiram direitos do trabalhador e que custaram muitas marcas na pele e na alma deste país”. E avisou: “Não toquem nos nossos direitos. Querem nos calar com gás de pimenta, mas não vão conseguir”.

Marianna Coelho, secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato, destacou: “Essa marcha contra as reformas e contra esse governo que quer retirar direitos dos trabalhadores é para mostrar a força da classe trabalhadora e para que cada um se sinta representado por esses cerca de 200 mil trabalhadores aqui presentes”.

“Esta pressão dos trabalhadores é extremamente importante porque está em jogo os nossos direitos, conquistados com muitas lutas. Somos contra as reformas da Previdência e trabalhista. Nenhum direito a menos. E o ato está lindo, cheio de trabalhadores”, comentou Fabiana Uehara, diretora da Contraf-CUT.

Wadson Boaventura, diretor da Fetec-CUT/CN, endossou: “Esse ato agrega todas as categorias em prol da defesa dos direitos dos trabalhadores para derrubar as reformas. O povo está mostrando ao governo que se faz necessário abrir uma interlocução com os trabalhadores. E esse ato coroa uma etapa que está bem próxima de uma Diretas Já e da renovação do congresso”.

Ivone Colombo, diretora da Fetec-CUT/CN, veio de Rondônia especialmente para se unir ao povo brasileiro. “Independente de partido, precisamos estar unidos para retirar todos os corruptos e defender nossos direitos”.

Repressão

O ato seguiu ordeiramente até alcançar o Congresso Nacional, onde, após o início de confronto entre um pequeno grupo de mascarados dos quais não se sabe a origem e a PM, a força policial passou a investir contra os trabalhadores que estavam pacificamente protestando, dando início a um grande tumulto.

Temer se aproveitou disso para convocar as Forças Armadas para a defesa da “ordem”, tentando desviar o foco da cobertura midiática sobre a manifestação, buscando criminalizar os trabalhadores organizados que lutam pela preservação de seus direitos, lembrando os piores momentos da ditadura militar.

Da Redação
Fotos: Guina Ferraz e CUT Brasília