Lula defende expansão do BB para outros países

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Fernando Nakagawa – O Estado de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o Banco do Brasil seja uma multinacional financeira. Em reunião ontem com o conselho diretor da instituição, Lula pediu que o banco tenha presença expressiva nos principais parceiros comerciais do Brasil e citou América Latina, China e África. Elogiou a recente ação do BB que aumentou a oferta de crédito e adquiriu outras instituições. Ele pediu ainda que a diretoria continue com essa estratégia para ajudar na reação da economia.

A uma plateia lotada com dezenas de executivos do BB de todo o País, Lula cobrou que o banco seja um instrumento para facilitar o comércio exterior brasileiro. Deu como exemplo a China. No país asiático, que desbancou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil, o BB tem só um escritório de representação. Para Lula, é preciso ampliar as frentes de atuação naquele mercado com a instalação de agências.

O mesmo se aplica à Venezuela e Uruguai. “Não queremos apenas um Banco do Brasil, mas um banco do nosso continente, com a alma brasileira, mas com a forma latino-americana. Por que só os bancos estrangeiros podem ser grandes e a gente não?”, provocou.

A cobrança de Lula deve acelerar os planos de internacionalização do banco. Hoje, o BB trabalha para transformar escritórios que mantém no México, Uruguai e Venezuela em agências. Nos três casos, a transformação deve acontecer ainda este ano. Na China, a abertura de uma agência é mais difícil.

Lula elogiou a aquisição de outras instituições financeiras, como o Banco Votorantim, que permitiu a entrada em um nicho ainda inexplorado: o financiamento de carros. Agora, a nova frente é o crédito imobiliário. “Só a Caixa Econômica não vai dar conta do que vai acontecer nos próximos anos. Vamos ser sócios, o BB e a Caixa, porque senão não acompanharemos o crescimento (do mercado).”

Para Lula, se o BB não atua em segmento importante, o caminho é adquirir a concorrência. “Vamos comprar a expertise”, sugeriu. Ao deixar o encontro, o presidente do BB, Aldemir Bendine, disse que continua atento. “Mas, no momento, não vemos nenhuma boa oportunidade.”

Lula aproveitou para criticar as privatizações no setor ocorridas na década passada.