Lucros e pressão dos bancos batem recordes

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Os balanços do primeiro trimestre do ano publicados até agora indicam, segundo analistas do mercado, que os lucros dos bancos caminham para um novo recorde em 2006, seguindo o exemplo dos anos anteriores. Para obter esses lucros recordes, os bancos estão demitindo, aumentando a pressão para o cumprimento de metas e obrigando os bancários a jornadas de trabalho excessivas, o que tem elevado a quantidade de casos de doenças na categoria.

“ Os bancários têm sido vítimas de várias doenças e transtornos psíquicos em função do clima de enorme tensão e pressão no ambiente de trabalho”, denuncia Edmilson Wanderley Lacerda, diretor da Federação de Bancários Centro-Norte (Fetec-CN) e coordenador do Coletivo de Bancos Privados do Sindicato. Entre os problemas de saúde acarretados pelas más condições de trabalho estão o estresse, ansiedade, depressão, gastrite, enxaqueca e LER (Lesões por Esforço Repetitivo).

‘Queremos PLR maior’
“O bancário está sendo submetido a uma jornada extenuante, sob uma pressão diária muito grande, suprindo a escassez de funcionários por causa de demissões, férias, licença médica e maternidade”, acrescenta Edmilson, funcionário do Banco de Boston. “Há casos de gerentes operacionais sendo responsáveis por duas agências e supervisores de operações que se desdobram entre Pabs e agências. Para os bancos, não passamos de peça de reposição.”

O lucro líquido somado dos quatro maiores bancos privados do país atingiu R$ 3,97 bilhões no primeiro trimestre deste ano: R$ 1,53 bilhão do Bradesco (o recorde nacional), R$ 1,46 bilhão do Itaú, R$ 520 milhões do Unibanco e R$ 461 milhões do grupo Santander/Banespa. Isso significa um aumento de mais de 30% em relação aos lucros líquidos desses bancos no mesmo período do ano passado.

“ Isso abre margem para novas conquistas na campanha salarial deste ano, inclusive com aumento na PLR. Queremos discutir isso na campanha salarial deste ano, uma vez que os bancários tiverem participação decisiva nesses lucros”, aponta o coordenador do Coletivo de Bancos Privados. “É preciso que a PLR evolua tanto quanto o lucro dos bancos, que as condições de trabalho melhorem e aumente a oferta de emprego na categoria.”

Preparando a campanha
Nos últimos dois anos, os bancários conquistaram aumento real de salário e melhoraram a distribuição da participação nos lucros. É intenção dos sindicatos antecipar a campanha salarial deste ano e concluir um acordo antes das eleições de outubro.

“ Para avançarmos nas conquistas, é necessário que a categoria esteja mobilizada na campanha salarial para pressionar os banqueiros a atenderem nossas reivindicações”, afirma Edmilson Wanderley Lacerda.
“ Por isso é importante que os bancários participem das atividades e dos encontros convocados pelo Sindicato”, acrescenta ele.