Lucro nas alturas, empregos em queda

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Alguns dos maiores bancos brasileiros – Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil – continuam lucrando muito. No entanto, a rentabilidade dessas instituições financeiras não significa melhoria para a vida dos trabalhadores do setor, que continua demitindo. Nos nove primeiros meses do ano, o Itaú lucrou R$ 14,9 bilhões; o Santander, R$ 4,3 bilhões; o Bradesco, R$ 11,2 bilhões, e o Banco do Brasil, R$ 8,2 bilhões. Mas, numa relação inversamente proporcional, essas instituições eliminaram, juntas, 3.794 empregos neste período.

O Itaú, maior instituição financeira privada do Brasil, embora continue batendo recordes de lucro, mantém uma política de demissão em massa, além de explorar cada vez mais os bancários que continuam trabalhando na empresa. O resultado do seu lucro líquido é 34,1% superior ao do mesmo período do ano passado. O banco faturou R$ 3,7 bilhões a mais do que o Bradesco, ou seja, cerca de 33% a mais do que seu principal concorrente no setor privado. No entanto, esse resultado positivo não impediu o corte de 308 empregos.

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O Bradesco teve lucro líquido ajustado de R$ 3,950 bilhões no terceiro trimestre deste ano, crescimento de 28,2% em relação ao mesmo período de 2013. Em nove meses, o lucro do banco alcançou R$ 11,227 bilhões, variação de 24,7% em relação a 2013. Mas 1.640 bancários foram demitidos.

De acordo com dados do Dieese, o lucro líquido gerencial de R$ 4,3 bilhões do Santander Brasil significou uma queda de 0,2% (praticamente estável) em relação ao mesmo período do ano passado. Já o resultado do terceiro trimestre atingiu R$ 1,494 bilhão, um crescimento de 1,9% em comparação aos mesmos três meses de 2013. Com isso, o Brasil participa com 20% do lucro global do banco espanhol de 4,361 bilhões de euros, um crescimento de 32% em relação aos primeiros nove meses de 2013.

Em setembro de 2014, o número de empregados do Santander caiu para 49.421 ante 50.578 em setembro de 2013. Isso porque nos últimos 12 meses o banco eliminou 1.097 postos de trabalho, sendo 140 em 2014. Nos últimos 12 meses, o banco fechou 129 agências e 105 PABs. No entanto, apesar dessa redução de pontos de atendimento, a carteira de clientes cresceu significativamente.

Na quinta-feira (5), o Banco do Brasil anunciou ter registrado lucro líquido de R$ 8,2 bilhões, de janeiro a setembro de 2014, crescimento de 5% em relação ao mesmo período de 2013 e rentabilidade de 15,2% em um ano. Mesmo lucrando, a instituição financeira eliminou 749 postos de trabalho no período. A abertura de 357 novas vagas no terceiro trimestre foi insuficiente e manteve o saldo negativo de geração de empregos.

Mariluce Fernades
Do Seebb