Juro do cheque especial chega a 220,4% ao ano, maior desde 1995

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As taxas de juros das principais linhas de crédito rotativo para os brasileiros – cheque especial e cartão de crédito – voltaram a subir em março, informou nesta sexta-feira o Banco Central (BC). De acordo com relatório divulgado pela autoridade monetária, nesta sexta-feira(24, os juros do cheque especial atingiram nada menos que 220,4% ao ano em março de 2015. Esse é o maior patamar registrado desde dezembro de 1995. Em fevereiro, a taxa era de 214,2% e, em janeiro, de 209%. Já em março de 2014, os clientes do cheque especial pagavam 159,4% ao ano.

No caso dos cartões de crédito, as taxas de juros alcançaram um patamar ainda mais alto: 345,8% ao ano em março. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, o valor representa um recorde na série histórica desse indicador, que começou a ser feita em março de 2011. Em fevereiro, essas taxas eram de 342,7% e, em janeiro, de 334,6% ao ano. No mesmo período do ano passado, os juros do cartão de crédito eram de 313,7% ao ano.

Esse aumento das taxas de juros, no entanto, não se refletiu num aumento da inadimplência dos consumidores. Segundo a nota do BC, no caso do cartão de crédito, ela se manteve estável em 34,1% entre fevereiro e março de 2015. Já no caso do cheque especial ela teve uma redução de 13,6% para 12,8% no mesmo período.

“A inadimplência de pessoas físicas e jurídicas ficou bem comportada em março. Houve uma estabilidade num patamar relativamente baixo”, afirmou Maciel.

A taxa média de juros cobrada das pessoas físicas nas operações de crédito com recursos livres também cresceu no terceiro mês do ano. Ela passou de 54,3% ao ano em fevereiro de 2015 para 54,4%. Já no caso das empresas, os juros para empréstimos com recursos livres subiram de 26,1% para 26,5% no mesmo período de comparação.

De acordo com o BC, o crédito total do sistema financeiro, incluindo operações com recursos livres e direcionados, atingiu R$ 3,06 trilhões em março, o que representa um aumento mensal de 0,4% em relação a fevereiro. Isso foi reflexo principalmente de um aumento da demanda das empresas e também do maior número de dias úteis no mês.

A carteira de crédito das pessoas jurídicas somou R$ 1,622 trilhão – com alta de 1,6% sobre fevereiro. Já a carteira das pessoas físicas atingiu R$ 1,439 trilhão e cresceu 0,8% no mesmo período. Assim, o crédito no país ficou em 54,8% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), contra 54,4% em fevereiro e 52,2% em janeiro de 2015.

Segundo Maciel, o BC espera que esse indicador termine o ano em 57% do PIB. Ele explicou que o governo trabalhava anteriormente com uma expectativa de 61%. No entanto, como houve mudanças nos cálculos do PIB, a conta foi refeita e a projeção ficou um pouco menor.

Fonte: O Globo- Martha Beck