Itaú usa Fenaban para estender a greve e enfraquecer outros bancos

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Os bancários chegam nesta segunda-feira (26) ao 21º dia da greve nacional da categoria, registrando recorde histórico no número de agências e centros administrativos fechados e pressionando os bancos por uma proposta que atenda as reivindicações da categoria por melhores salários e condições de trabalho, além de redução dos juros e tarifas para os clientes.

Representando os trabalhadores na mesa de negociação, o Comando Nacional agrega representantes de centenas de sindicatos dos bancários espalhados pelo país. Já os banqueiros negociam por intermédio da Fenaban – braço sindical da Federação Brasileira de Bancos, que conta com 121 instituições financeiras associadas no Brasil -, tendo como coordenador Magnus Apostólico, que, apesar de teoricamente representar todas essas instituições, tem seus ouvidos mais abertos para os interesses do Itaú , o maior banco privado do país.

Estratégia do Itaú é ‘roubar’ clientes dos outros bancos

Isso porque, dentro de uma estratégia clara do que se pode chamar de canibalismo interbancário, o Itaú tenta aproveitar a paralisação dos bancários para promover uma ofensiva sobre os clientes dos outros bancos, para atraí-los.

O cerne da movimentação da direção da instituição é uma intensa propaganda de seus canais virtuais de atendimento, ao mesmo tempo em que lança ameaças de demissão em massa aos trabalhadores, espalhando o medo entre eles, conforme veiculado pelo jornal Estadão neste final de semana (leia aqui).

Vale destacar que, só com o que fatura com as tarifas cobradas dos clientes, o Itaú cobre em 163,3% suas despesas com a folha salarial. Trata-se do banco que tem a maior diferença entre todos os cinco maiores na relação entre o que arrecada com taxas e o que gasta com pagamento de pessoal. Tudo isso em meio a um lucro líquido recorrente de R$ 10,737 bilhões somente no primeiro semestre deste ano. Por outro lado, o banco fechou, num intervalo de apenas 12 meses, mais de 2 mil postos de trabalho e 154 agências convencionais no Brasil.

Contando com o apoio da grande mídia, do qual é patrocinador, o Itaú financia matérias que enaltecem a estratégia digital da empresa, ao mesmo tempo em que menospreza o movimento dos bancários. Assim, a empresa força seus clientes a utilizarem os canais virtuais e investe numa estratégia de atrair correntistas de outras instituições financeiras.

Informações dão conta que vários bancos pressionam a Fenaban para apresentar uma proposta aceitável, que faça os bancários voltarem ao trabalho, mas a instituição aguarda um posicionamento do Itaú, que não demonstra muito interesse no andamento das negociações.

“Apesar de ter 121 bancos filiados no Brasil, a Fenaban demonstra atender prioritariamente os interesses comerciais do Itaú . Enquanto isso, a concentração bancária aumenta cada vez mais no Brasil, prejudicando a população”, explica o secretário de assuntos parlamentares do sindicato, Edmilson Lacerda.

Da Redação