Intransigente, Caixa contesta necessidade de fazer mais contratações

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Sem avanços. Assim transcorreu a terceira rodada de negociações específicas da Campanha Nacional 2014, entre o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e assessorado pela Comissão de Organização dos Empregados (CEE/Caixa), e a Caixa Econômica Federal, realizada nesta segunda-feira (8), em Brasília. Na pauta de reivindicações foram debatidos os temas condições de trabalho, contratação, segurança bancária e terceirização.

Ao ser cobrada pelo Comando Nacional dos Bancários, quanto à contratação de mais empregados por setor para melhorar as condições de trabalho nas unidades, que sofrem com o número reduzido de pessoal, a empresa manteve posição intransigente ao não reconhecer a existência de problemas como sobrecarga de trabalho e ao continuar com a metodologia que vem utilizando para definir o quantitativo de empregados para a abertura de novas agências.

“Eu não considerei essa mesa positiva porque não percebi nenhum item que a Caixa concordou em avançar. A Caixa apenas justificou o que nós debatemos na negociação. Sobre contratação, a Caixa reforçou que é o único banco do mercado que está contratando. Mas, mesmo contratando, o atual número de empregados ainda é insuficiente para o trabalho que a Caixa faz. Nós precisamos de mais empregados. Com a ampliação do quadro de pessoal, consequentemente teremos mais qualidade de vida e de trabalho para os colegas. A população também será beneficiada com um melhor atendimento, uma vez que mais trabalhadores para atender clientes e usuários vai reduzir as filas”, afirmou Fabiana Uehara, diretora do Sindicato e da Contraf-CUT. Fabiana é integrante da CEE/Caixa

Abaixo-assinado

Antes do início dos debates sobre condições de trabalho e contratações, dois dos quatro pontos previstos para a terceira rodada de negociação, os dirigentes sindicais entregaram aos negociadores da empresa abaixo-assinados com mais de mil assinaturas de clientes e usuários que, insatisfeitos com o número reduzido de empregados nas unidades, reivindicam mais contratações.

Para o secretário de Formação do Sindicato, Antonio Abdan, a Caixa mantém-se sem abertura para negociar as reivindicações dos empregados. “Se recusa a contratar sem que haja a instalação de novas agências. Insiste na política de empregados mínimos para as unidades. Continua a parceria com os correspondentes bancários que, na nossa visão, precariza o atendimento e expõe a população mais humilde a um risco por falta de segurança”, explicou o dirigente sindical, que representa a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) nas negociações específicas com a Caixa.

Abertura de novas agências

A CEE/Caixa, que assessora a Comando nas negociações com o banco, argumentou que desde 2010 houve um aumento considerável na abertura de agências, e que as contratações não acompanharam o mesmo ritmo. Já os interlocutores da empresa informaram que em 2005 a Caixa possuía 68.257 empregados, e que até agosto de 2014 o quadro de pessoal atingiu 99.969. A previsão, segundo eles, é de que em setembro seja atingida a marca de 100 mil empregados.

De acordo com os representantes da Caixa, as contratações vão continuar. Eles lembraram, no entanto, que elas estão atreladas à abertura de unidades, por determinação do órgão controlador, o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. O DEST autorizou o banco a atingir, até o final desse ano, o contingente de 103 mil empregados.

Mais contratações

A coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Matheus, reivindicou que a empresa desvincule da abertura de novas agências as três mil contratações que ainda pode fazer em 2014, o que foi negado pelos negociadores do banco. “Por mais que a Caixa contrate, isso não tem sido suficiente para atender o aumento da demanda e do volume de operações. Ela precisa de mais pessoal para continuar crescendo e cumprindo seu papel de banco público, alavancando o desenvolvimento econômico e social do país”, destacou.

Fabiana Matheus lembrou ainda que a Caixa tem média de 17 empregados por unidade, abaixo do número de outros bancos. “O volume de trabalho e de atribuições dos trabalhadores é superior aos de outras instituições”, enfatizou.

Segurança Bancária

A Caixa recusou a reivindicação dos trabalhadores de instalar portas giratórias antes do autoatendimento nas agências. Segundo a empresa, a área técnica não recomenda essa medida. Para a categoria bancária, é fundamental que nenhum trabalhador atue além dos limites desse mecanismo de segurança. Os representantes da empresa ficaram de solicitar nova avaliação do setor responsável.

Os interlocutores da Caixa informaram que todas as agências são monitoradas 24 horas durante os sete dias da semana. Disseram ainda que a abertura remota, feita por uma empresa de segurança, já foi implantada em 90% das unidades, e que a marca de 100% deve ser atingida ainda esse ano.

Outro ponto de segurança debatido foi o descumprimento da cláusula 27 do Acordo Coletivo de Trabalho, que prevê a abertura imediata da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), em casos de assaltos. A Caixa ficou de apurar a denúncia.

Terceirização

A CEE/Caixa cobrou da Caixa o fim da terceirização e dos correspondentes bancários e habitacionais. Para os trabalhadores, essas unidades fragilizam a qualidade do atendimento e podem comprometer a imagem do banco. Os representantes da empresa, porém, defenderam a manutenção dos correspondentes.

Próxima negociação

Está confirmada para sexta-feira (12) uma nova rodada de negociações com a Caixa, a partir das 10h, em Brasília. Estarão na pauta os temas carreira, jornada/Sipon e organização do movimento.

A CEE/Caixa solicitou que nesta reunião a empresa apresente informações sobre o projeto de reestruturação da Gipso (responsável pela área social do banco).

Da Redação, com informações da Contraf-CUT e Fenae