Índios guarani acampam no Ministério da Justiça em defesa do Jaraguá

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Na manhã desta quarta (30), representantes do povo indígena Guarani acamparam em frente ao Ministério da Justiça, em Brasília. Movimento semelhante ocupou a entrada do prédio da Secretaria da Presidência da República, na capital paulista. Os atos foram desencadeados após o governo ilegítimo de Michel Temer publicar a Portaria 683/17, do Ministério da Justiça, que retira cerca de 532 hectares da reserva Jaraguá, no estado de São Paulo.

A medida golpista revoga a Portaria 581 da presidenta Dilma Roussef, publicada em 2015, que determina a demarcação da área indígena. Com a anulação, os mais de 700 guarani ficariam restritos a 1,7 hectare, o que seria insuficiente para viverem de acordo com seus usos, costumes, crenças e tradições.

“A portaria 683/17 representa um golpe, um retrocesso muito grande ao direito indígena. A Constituição Federal fala do direito originário, da imprescritibilidade do nosso direito. O Ministério da Justiça já havia reconhecido a terra como do nosso povo. É a primeira vez na história da demarcação que se cria uma portaria para anular outra portaria”, avalia o representante do povo Guarani, Davi Karaipopygua.

Na interpretação do indígena, a ação injusta e discriminatória tende a atender interesses da bancada ruralista e do agronegócio. “Não obtendo êxito no Judiciário, o governo golpista de Michel Temer tem se utilizado do executivo para retroceder direitos e emplacar ações anti-indígenas. Essas bancadas visam o lucro e a exploração, enquanto nós prezamos pela proteção da natureza. Exemplo disso é a mata atlântica, em que apenas 7 % do território no estado de São Paulo se mantêm conservados e é justamente onde os indígenas estão”, disse.

A guarani Nelza Parapoty garante que resiste o tempo que for preciso para não perder as terras de seu povo. Ela acredita que a medida injusta não irá à diante, pois a fé e perseverança do seu povo são históricas. “Estamos nessa luta há muitos anos e temos fé que Nhanderú (Deus Verdadeiro) é justo e não permitirá que nos tirem nosso lar”, disse.

Davi ressalta, no entanto, que o povo resistirá e só deixará os acampamentos quando forem recebidos pelo ministro golpista Torquato Jardin e houver a revogação da portaria. “Se não conseguirmos resolver com essa mobilização, vamos fazer um movimento muito maior com todos os índios do Brasil. Vamos parar o país para que não haja nenhuma retirada de direito”, finaliza.

Fonte: CUT Brasília