‘Governo Lula precisa assumir o Banco Central’

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Ao fazer uma análise dos 30 anos de capitalismo, o economista Evilasio Salvador defendeu o controle do Banco Central como forma de reduzir a contradição dentro do governo. “O Lula conseguiu avanços significativos na área social, mas setores estratégicos do governo como, por exemplo, o Banco Central e a Secretaria da Receita Federal ainda convivem com lutas internas. Para aumentar as conquistas, o governo precisa voltar a controlar esses órgãos”, defendeu.

Salvador fez uma breve análise sobre a inflação, que não é um problema restrito ao Brasil. De acordo com ele, a inflação dos alimentos no país está em torno de 6%, um pouco acima da média (em torno de 4,5%). Na visão do economista, o BC pode aumentar a taxa de juros para deter a inflação, porém, existem outros meios para controlar a elevação dos preços dos produtos.
 
Evilasio Salvador afirmou que o Imposto de Renda (IR) reduz a capacidade de pagamento aos trabalhadores. Segundo ele, é preciso aumentar os reajustes da tabela do IR e criar novas faixas de alíquota.

Além do reajuste da tabela do IR, Salvador defendeu um maior investimento dos governos em saúde e educação. “O aumento dos recursos para as políticas públicas reflete diretamente na qualidade de vida dos trabalhadores”.

O economista lembrou que foi durante o governo Collor, no início dos anos 90, que o Brasil se inseriu no capitalismo mundial. Em seguida, ocorreram sérios problemas na política macroeconômica. “A partir daí, iniciou-se uma crise no mercado de trabalho, sobretudo entre os bancários”, contou.

A estabilização da economia e a reforma da Previdência ocorrida durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, segundo Salvador, foi seguida de uma série de medidas desastrosas: a política tributária, que estabeleceu isenção de Imposto de Renda para recursos enviados ao exterior; e a criação do Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer), que socorreu diversos bancos.

Salvador fez uma retrospectiva sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) durante o governo Lula. Quando assumiu a Presidência, em 2002, o PIB do país estava em torno de 2% ao ano. Em 2004 subiu para 5,7%.

O economista apontou outras conquistas do governo Lula: criação de oito milhões de empregos com carteira assinada, aquecimento da economia, crescimento real do salário mínimo, elevação dos gastos pessoais e crescimento da economia. 

Evilasio Salvador relatou que, a partir dos anos 90, houve uma reestruturação e o sistema financeiro começou a compensar os ganhos com a inflação. De 1988 a 1994, segundo Salvador, o número de bancos passou de 263 para 117 instituições. No final de 2004, após a privatização de quase todos os bancos estaduais e regionais, o BC registrava 163 bancos.

Foi em 2004 que teve início o período de internacionalização do capital dos bancos. Naquela ano, 19% das agências do país pertenciam a instituições estrangeiras.

Hoje, os cinco maiores bancos (BB, Caixa, Bradesco, Itaú e Real/Santander) detêm 60% dos ativos. Os dez maiores bancos concentram 79% dos recursos. Já os 50 dominam mais de 90% do capital.

De 1994 a 2007, os bancos obtiveram lucros de aproximadamente 2.500%. As receitas dos quatro maiores bancos privados, em 2007, foram de mais de R$ 25 bilhões.

Salvador ainda explicou que de 1945 a 1975, o Brasil, no ranking das economias capitalistas, foi o segundo país que mais cresceu em todo o planeta. Já de 1980 a 2002, a nação despencou para a 93ª posição.

Citando escritores especialistas no tema, Salvador disse que a atual estagnação do crescimento econômico e a crise do capital mundial se assemelham com os problemas enfrentados nos anos 70. Evilasio Salvador é mestre em Política e doutorando em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB).

‘Arruda desarruma Brasília’

A deputada distrital Erika Kokay relatou diversas denúncias contra o governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), entre elas a terceirização na saúde e educação, favorecimento de empresários, e mudança na política territorial, com a autorização de novas áreas urbanas.

Erika disse ainda que, em virtude dos recursos do Fundo Cons-titucional, o DF tem o maior orçamento proporcional para a área de saúde do país. “O valor destinado ao DF é quase igual ao da cidade de São Paulo. E, mesmo assim, a saúde é precária”, criticou.

Moção de repúdio ao governador

Diante das graves denúncias relatadas pela deputada distrital Erika Kokay, os delegados do congresso apresentaram moção de repúdio ao governador Arruda no Distrito Fe-deral, que vem instituindo políticas de terceirização e privatização. As práticas vêm causando imensos prejuízos à população e ao patrimônio público.

A moção foi apresentada e aceita pela mesa do primeiro dia do congresso e deverá ser referendada na plenária final, que será realizada no próximo sábado 12 de julho.

Congresso continua no próximo sábado

O congresso prossegue no próximo sábado 12 de julho, quando serão encerradas as discussões e definida a pauta de reivindicações para a campanha. As atividades da segunda e última parte do congresso também serão realizadas no Templo da LBV – Parlamundi, localizado na SGAS 915 – Lotes 75 e 76.