Gestores dificultam liberação de brigadistas voluntários

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renato_cayresAo contrário das comissões internas de prevenção de acidentes (Cipas), que correm o risco de ficar sem representantes em virtude da falta de interesse dos empregados em se inscreverem no processo eleitoral, o baixo número de brigadistas reservas é justificado, em parte, pelo fato de os gestores da Caixa Econômica não liberarem os bancários para a realização do curso de treinamento.

Apesar de uma norma técnica do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal prevê que, no mínimo, 10% dos funcionários de um edifício de uma empresa devem fazer o curso de brigadista, esse número está longe de ser alcançado na Caixa. Em 2010, apenas 196 bancários participaram do curso. No Matriz I, prédio com 2.400 empregados, apenas 90 estão certificados, quando o necessário seriam 240. O Matriz II, que tem 1.600 bancários, também está com déficit. Somente 58 estão preparados para situações de emergência, quando o mínimo seriam 160. O mesmo problema é verificado no Filial. Com 450 trabalhadores, apenas 19 receberam a certificação, número inferior aos 45 exigidos pelos bombeiros.    

“Depois de uma palestra de sensibilização para mostrar a importância desse tipo de voluntariado, realizada este ano, os bancários se inscreverem em massa. O problema é que a maioria dos gestores está dificultando a liberação dos bancários para o curso”, afirma Isaque de Atayde, técnico do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt). 

Dos 135 inscritos para o curso de brigadista voluntário no Matriz II, apenas 13 foram autorizados pelos gestores a participarem da iniciativa. Os cursos ocorrem de março a dezembro e têm duração de três dias. “Já reduzimos o tempo do curso para tentar aumentar o número de adesões, mas mesmo assim não surtiu efeito”, afirma Atayde.   

“O Sindicato fará um trabalho de conscientização entre os gestores sobre a importância do curso de brigadista voluntário. Eu, que também já fiz o curso de brigadista voluntária, sei o quanto é importante. Com segurança não se brinca”, alerta Fabiana Uehara, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato.

Assessor executivo pleno, Renner Morais, 30, se orgulha de ter feito o curso para brigadista voluntário. “É um trabalho que pode salvar vidas no trabalho e em casa”, observa. Os conhecimentos apreendidos por Renner durante o curso de brigadista já foram utilizados para socorrer o irmão, alérgico, e uma colega de trabalho.

Para o analista Renato Cayres, 39, a experiência de ser brigadista tem um significado especial. “O pouco que você faz é muito para quem precisa”, define o bancário, há três na Caixa. “É extremamente gratificante poder ajudar as pessoas quando elas mais precisam. E parece que o fato de ser brigadista atrai as pessoas. Vivo socorrendo pessoas na rua”, destaca. “É mais que um curso para o ambiente de trabalho”, acrescenta.

 

O curso

Realizado desde 2007, o curso para a formação de brigadista voluntário tem carga horária de 20h e é oferecido por uma empresa certificada. Válido por um ano, o curso precisa ser revalidado a cada 12 meses. Conforme prevê norma técnica do Corpo de Bombeiros do DF, quem já tiver feito o curso pode revalidar a parte teórica com uma prova. Se for aprovado com nota superior a sete, não precisa se submeter novamente ao treinamento teórico. Caso o desempenho seja inferior a sete, o candidato precisa assistir a novas aulas teóricas. Independentemente do resultado da avaliação, a parte prática deve ser realizada novamente a cada ano, caso o candidato queira revalidar seu curso.

 

Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília