Forte e independente, Sindicato completa 54 anos de lutas e conquistas

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Em mais de 19 mil dias de história – ou 54 anos –, de dedicação aos trabalhadores, completados nesta segunda-feira (22), o Sindicato dos Bancários de Brasília se firma como uma entidade forte, independente e democrática. O pontapé inicial da luta da categoria bancária no Distrito Federal começou em 1960 com a fundação da Associação Profissional dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Brasília. Em 23 de novembro de 1961, a Associação foi reconhecida como Sindicato.

Em nome dos direitos da categoria bancária, incluindo o de organização, e por uma sociedade mais justa e igualitária, o Sindicato, em seus 54 anos, travou muitas e árduas batalhas. Batalhas que resultaram na criação de um dos sindicados mais atuantes do país e que se tornou por isso mesmo em referência para o conjunto dos trabalhadores.

“Quando nós começamos o movimento de formação do Sindicato, havia cerca de 400 bancários aqui em Brasília. Pessoas de vários bancos, mas a maioria trabalhava no Banco do Brasil”, contou Adelino Cassis, um dos fundadores e o primeiro presidente do Sindicato. Cassis faleceu em 31 de julho de 2011.

Antes do reconhecimento do Sindicato, os bancários se organizavam na Associação dos Bancários, com sede no que viria a ser a 712 Sul. Em 1962, o Sindicato já atendia a categoria no edifício Arnaldo Villares, no Setor Comercial Sul, onde hoje fica o Sindicato dos Urbanitários (STIU-DF). “À época, Brasília ainda era carente de muitas coisas, por isso na sede do Sindicato funcionavam também um restaurante, uma clínica geral e um consultório odontológico”, lembra Édio Custódio, bancário aposentado do BB e um dos responsáveis pela montagem da primeira sede.

Em 1963, o Sindicato já mobilizava e organizava uma das primeiras greves dos funcionários do Banco do Brasil. Com o Setor Bancário Sul (SBS) ainda em construção, a entidade improvisava, sob estacas de madeiras, o planejamento da luta. No mesmo ano, os barbeiros apoiaram a greve dos bancários.

Da mesma forma que várias outras entidades de classe, grupos estudantis, partidos políticos, o Sindicato, seus militantes e filiados foram duramente reprimidos durante a ditadura militar (1964-1985). Entre 1964 e meados dos anos 1970, o Sindicato foi controlado por interventores nomeados pelos militares, que conduziam no dia a dia a política de atrelamento da entidade ao regime político em vigor.

Mesmo durante o regime militar, o Sindicato apoiou, entre 1983 e 1984, o Diretas Já, movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil.

Em 1985, os bancários fazem a primeira greve nacional pós-64, uma das maiores da história da categoria.

Paralisação nacional

No ano seguinte, os empregados da Caixa Econômica Federal fazem uma paralisação nacional, são reconhecidos como bancários (antes eram denominados economiários) e conquistam a jornada de 6 horas. O Sindicato de Brasília desempenha papel importante nesses avanços. Com sucessivas paralisações, os bancários voltam a obter novas conquistas e se transformam na primeira categoria do país com data-base e unidade nacionais.

Em 1986, forte aparato policial tentou, em vão, intimidar os bancários do Bradesco. Dois anos depois, grande repressão tentou impedir os bancários do BRB de cruzarem os braços. Com o apoio do Sindicato, os trabalhadores continuaram com o movimento.

Apoio total ao impeachment de Collor

Na década de 1990, o movimento sindical trava uma dura luta de resistência contra as políticas neoliberais impostas primeiro pelo então presidente da República Fernando Collor e aprofundadas pelos dois governos de Fernando Henrique Cardoso.

Em fevereiro de 1991, o Sindicato filia-se à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Desde o então, os bancários de Brasília integram a maior central sindical do Brasil, da América Latina e a 5ª maior do mundo, com 3.438 entidades filiadas, 7.464.846 trabalhadoras e trabalhadores associados e 22.034.145 trabalhadoras e trabalhadores na base. Entre seus princípios, a CUT defende a liberdade e autonomia sindical com o compromisso e o entendimento de que os trabalhadores têm o direito de decidir livremente sobre suas formas de organização, filiação e sustentação financeira, com total independência frente ao Estado, governos, patronato, partidos e agrupamentos políticos, credos e instituições religiosas e a quaisquer organismos de caráter programático ou institucional.

Em 1992, o Sindicato usou toda a sua capacidade de mobilização na campanha pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. A entidade foi uma das primeiras a defender e apoiar o processo de impugnação de mandato de Collor. Além das denúncias de corrupção, o então presidente aprofundou a recessão econômica, corroborada pela extinção, em 1990, de mais de 920 mil postos de trabalho e uma inflação na casa dos 1.200% ao ano. O processo de impeachment, antes de aprovado, fez com que o Collor renunciasse ao cargo em 29 de dezembro de 1992. Collor ficou inelegível durante 8 anos.

Neoliberalismo

Contra a abertura comercial desenfreada, as privatizações e a desregulamentação selvagem dos direitos sociais, trabalhistas e sindicais, o Sindicato foi para as ruas protestar. Em 1999, durante campanha em defesa da Caixa, o Sindicato realiza atos contra o governo. Graças a uma intensa campanha, que contou com o grande apoio dos bancários e de outras categorias, o Banco do Brasil e a Caixa não foram privatizados.

Em 1995, o Sindicato inaugura sua nova sede, na EQS 314/315. Construída com o esforço dos bancários, a nova ‘casa’ dos trabalhadores tem área construída de 3.720 metros quadrados, o que propicia mais conforto para os associados.

“Neste 22 de setembro, quando completamos 54 anos, é importante os bancários e bancárias de Brasília fazerem uma reflexão sobre a importância do nosso Sindicato, essa entidade que travou lutas históricas para garantir direitos e mais conquistas para a categoria”, afirmou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, que também é bancário do Banco do Brasil. “Mais lutas e vitórias virão. Faça parte dessa história!”, acrescentou o dirigente sindical.

Da Redação