É preciso considerar a conjuntura extremamente difícil que os trabalhadores estão enfrentando neste momento, no Brasil e no mundo todo, para se ter uma noção mais apurada da importância do resultado da Campanha Nacional dos Bancários deste ano.
Com a economia em crise e queda do PIB, desemprego aumentando, ajuste fiscal e uma grande ofensiva das forças conservadoras e do patronato no Congresso Nacional buscando anular conquistas sociais e retirar direitos dos trabalhadores, a estratégia dos bancos era clara desde o começo das negociações.
Queriam aproveitar essa conjuntura favorável a eles para, além de interromper o ciclo de aumentos reais de salários e outros avanços dos últimos anos, inverter essa lógica, de forma a iniciar um novo ciclo de arrocho e de retirada de direitos, como aconteceu exatamente na década de 1990, principalmente nos governos Collor e FHC.
Naquele período dourado do neoliberalismo, a categoria bancária foi reduzida à metade. Os bancários de bancos privados ficaram mais de dez anos com reajustes abaixo da inflação. No Banco do Brasil e na Caixa, oito anos de reajuste zero, sem PLR, abonos eventuais, demissões em massa.
Até a política de abono os bancos tentaram ressuscitar este ano para empurrar goela abaixo um reajuste abaixo da inflação – primeiro 5,5% antes da greve, depois 7,5% no 15º dia da paralisação e 8,75% no dia seguinte, até chegar aos 10% no salário (e 14% no vale-refeição e cesta-alimentação).
Foi a força da greve que desmontou a estratégia dos bancos. Eles não acreditavam que, nessa conjuntura difícil, os bancários tivessem essa extraordinária capacidade de resistência, dando mais uma demonstração histórica de unidade nacional.
Por isso, manter a trajetória de ganhos reais dos últimos 12 anos, ainda que numericamente pequeno, tem uma importância política simbólica muito grande.
De quebra, com o reajuste de 10% nos salários e 14% nos vales, além da PLR, os bancários injetarão R$ 11,2 bilhões na economia nos próximos 12 meses, segundo cálculo do Dieese, dando assim também uma importante contribuição para a retomada do crescimento econômico e para o alcance de condições mais favoráveis para as lutas futuras não apenas da categoria, mas de todos os trabalhadores.
