Fenaban enrola de novo e não apresenta proposta aos bancários

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Contraf-CUT com Seeb-DF

Após seis horas de discussões durante a quarta rodada de negociações, ocorrida nesta quarta-feira, dia 9, em São Paulo, a Fenaban mais uma vez não apresentou proposta para o Comando Nacional dos Bancários sobre as reivindicações de saúde e condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades, dentre outras. Os bancos repetiram a postura adotada nas duas rodadas anteriores em relação às demandas sobre emprego e remuneração. Eles marcaram nova reunião para a próxima quinta-feira, dia 17, e disseram que nessa data pretendem fazer uma proposta global para a categoria.

"Em todas as rodadas de negociação insistimos que, além das questões econômicas, os bancários exigem garantias de proteção ao emprego, melhorias das condições de trabalho, adoção de medidas para combater o assédio moral e as metas abusivas, mais segurança e iniciativas que promovam a igualdade de oportunidades", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Diante da postura dos bancos até aqui, temos que ampliar a mobilização e a pressão para que apresentem na próxima negociação uma proposta que contemple as expectativas da categoria".

“Os banqueiros tiveram tempo de sobra para formular uma proposta, mas fazem questão de enrolar. Foram quatro rodadas de negociações até aqui. Demonstramos todo nosso interesse em conversar, mas só temos ouvido não e nenhuma contraproposta. Isso só mostra falta de respeito com os bancários e comprova o que estamos afirmando desde o início da campanha: os banqueiros não têm responsabilidade social. São gananciosos e intransigentes. Parece até que só ouvem a linguagem da greve”, comentou o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto.

Veja os temas discutidos:

Saúde

1. Metas – os bancários cobraram o fim das metas abusivas. A Fenaban nega, limitando-se a discutir as distorções na forma de cobrança, mas não fez proposta para mudar essa realidade que gera adoecimento na categoria.

2. Assédio moral – os trabalhadores reafirmaram a necessidade de combater o assédio moral e a violência organizacional. A Fenaban insistiu em defender os assediadores, ao exigir o sigilo de seus nomes para uma "política de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho", o que é inaceitável.

3. Reabilitação profissional – os bancários cobraram a implantação de um programa que garanta aos afastados, quando do retorno ao trabalho, condições que respeitem suas limitações funcionais, normalmente fruto do adoecimento em razão das péssimas condições de trabalho. A Fenaban afirmou que concorda com tal programa, desde que possa incluir também trabalhadores que ainda se encontram afastados, o que não se admite, pois isso forçaria a volta precoce de funcionários ainda em processo de recuperação da capacidade laboral.

4. Isonomia aos afastados por motivos de saúde – os bancários reivindicaram a manutenção por prazo indeterminado de todas as verbas salariais, além de outros direitos, tais como auxílio-alimentação, ticket, vale-transporte e PLR. A Fenaban disse que não é possível estender os direitos já previstos na convenção coletiva.

5. Licença maternidade de 180 dias – o Comando defendeu a ampliação desse direito para todas as bancárias em todos os bancos. A Fenaban salientou que a proteção da maternidade é obrigação do Estado, mas ficou de estudar a questão.

Segurança Bancária

1. Comissão de Segurança Bancária – os bancários cobraram a retomada das reuniões que não ocorrem há vários anos. A Fenaban sinalizou a volta dos trabalhos na segunda quinzena de novembro, com a participação de representantes das áreas de segurança dos bancos.

2. Transporte de valores – o Comando reivindicou a proibição aos bancários do transporte de valores e malotes, o que tem ocorrido em várias regiões do país, com ocorrência de assaltos e sequestros. A Fenaban negou, dizendo que, se isso for proibido, algumas agências teriam de ser fechadas.

3. Adicional de risco de vida – os bancários cobraram o pagamento desse adicional para quem trabalha em agências e postos, a exemplo de vários acordos coletivos de vigilantes, cujo risco é o mesmo. A Fenaban disse que isso não faz sentido, pois atingiria 70% dos trabalhadores, revelando que a preocupação não é a vida e sim o custo.

Igualdade de Oportunidades

1. Mapa da diversidade – os bancários defenderam a inclusão de uma cláusula na convenção coletiva que garanta medidas de democratização do acesso e de políticas que eliminem todos os tipos de preconceito e discriminação nos locais de trabalho. A Fenaban alegou que não tem governança sobre o programa de valorização da diversidade, mas ficou de estudar uma forma de registrar as diretrizes na convenção.

2. Pessoas com deficiência – os bancários cobraram uma cláusula na convenção coletiva que garanta inclusão e capacitação para pessoas com deficiência nos bancos. A Fenaban negou, dizendo que já possui um programa que necessita de constantes ajustes.

3. Homoafetivos – o Comando defendeu igualdade para os casais homoafetivos. A Fenaban respondeu, afirmando que há restrições legais para garantir igualdade de tratamento, mas irá verificar as travas.

Previdência Complementar

O Comando reivindicou planos de previdência complementar para todos os bancários. Muitos trabalhadores ainda não possuem esse direito que garante uma aposentadoria digna.

A Fenaban, no entanto, negou a reivindicação dos bancários, alegando que cada banco possui esse produto à venda e que, assim, não é possível colocar esse tema na convenção coletiva.