Falta de pessoal no Itaú causa confusão e revolta entre clientes da agência Corporate Center

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Os diretores do Sindicato Washington Henrique e Edmilson Lacerda

 

Aproximadamente 500 clientes se aglomeraram dentro e fora da agência Corporate Center do Itaú Unibanco, no Setor Comercial Norte, na sexta-feira (5), à espera de atendimento. Irritados, os correntistas, cuja maioria trabalha nas obras de construção do Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha), protestaram contra o banco, que não teria enviado os cartões multiuso, que pode ser utilizado nos terminais de autoatendimento. Informado da confusão, o Sindicato compareceu ao local e acalmou os ânimos, esclarecendo que a culpa não é dos bancários, e sim da instituição financeira, que só pensa em aumentar seus lucros sem contratar mais funcionários.

 

 

O tumultuo podia ser percebido de longe. Enquanto pelo menos 350 clientes lotavam o interior da agência esperando atendimento, outros 150 aguardavam em uma fila que começou a se formar na porta da agência e se estendia por toda a calçada do centro empresarial Corporate Center. Para a maioria, a espera foi de mais de cinco horas. Apenas quatro caixas faziam o atendimento dentro da agência.

 

O que era para ser uma tarde de confraternização entre os trabalhadores que estão reerguendo o Estádio Nacional de Brasília, que pode ser palco da abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014, acabou se transformando em transtorno quando parte da equipe decidiu aproveitar a folga para efetuar saques e pagamentos no Itaú Unibanco.

 

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Depois de serem informados em outras agências do Itaú de que as operações só poderiam ser realizadas na agência em que a conta foi aberta, ou seja, a Corporate Center, os clientes se viram obrigados a enfrentar as filas por conta da falta de pessoal. Os trabalhadores denunciaram que o Itaú Unibanco ainda não enviou o cartão para utilizarem o autoatendimento.

 

Segundo o banco, não é possível prever quantos atendimentos serão realizados em um dia. “Essa foi a primeira vez que perdemos o controle da situação. Isso nunca tinha acontecido antes. Hoje, infelizmente, resolveram vir todos juntos e essa agência não tem estrutura para receber tanta gente de uma só vez”, justificou um representante do banco.

 

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O eletricista Cleverton Menezes Silva diz que essa versão não procede. Acusado de estar tumultuando o espaço, Menezes foi expulso da agência por ter exigido agilidade no atendimento. “Precisei trocar de roupa para entrar aqui de novo para enfrentar essa fila. No mês passado foi a mesma coisa. Chegamos aqui às 11h e só fomos atendidos depois das 16h”, contou. “Isso é uma falta de respeito com a gente. Não dá para aceitar”, disse, visivelmente indignado.

 

Também na mesma situação, o operário José Aurélio Soares de Castro conta que passa por esses transtornos há três meses porque ainda não recebeu o cartão. “Eu não tenho escolha. Meu aluguel vence no mesmo dia em que sai meu pagamento. Se atrasar, eu pago multa. Então, passo por isso todos os meses”, conta. “Eu já tive conta em outros bancos, mas agora recebo pelo Itaú. Na minha opinião, ele é o pior”, desabafa.

 

Providências

 

Logo que souberam do tumulto na agência Corporate Center, os diretores do Sindicato Edmilson Lacerda e Washington Henrique se deslocaram para o local. Os dirigentes sindicais classificaram a situação como ‘inadmissível’. “O Itaú Unibanco está descumprindo a lei das filas e desrespeitando os funcionários, que ficam sobrecarregados com tanto trabalho, e os clientes, que precisam esperar no sol para serem atendidos’, disse Washington.

 

“O banco teve lucro de aproximadamente R$ 8 bilhões apenas no 1º semestre de 2011 e olha só o que ele faz com os clientes e funcionários, que são os verdadeiros responsáveis por todo esse dinheiro”, completou Edmilson.

Denúncia

 

Assim que saiu da agência Corporate Center, o Sindicato se reuniu com o diretor-geral do Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF), Oswaldo Morais, para falar sobre a situação no Itaú Unibanco.

 

Segundo Morais, o ramo financeiro ocupa o segundo lugar no ranking nacional de reclamações de clientes e usuários, que envolvem principalmente a demora nas filas e as tarifas abusivas. “Os clientes que se sentirem lesados de alguma forma devem denunciar ao Procon ou pelo telefone 151 ou presencialmente, trazendo provas do ocorrido”, explicou.

 

Na opinião do assessor especial do Procon-DF, Luiz Cláudio da Costa, que também participou da reunião, os investimentos realizados pelos bancos não são feitos da forma como deveriam. “Eles aumentam as máquinas e tecnologias, mas reduzem o número de empregados e transferem para o cliente o trabalho que deveria ser realizado pelos bancários, que atualmente não têm boas condições de trabalho”.

 

Uma nova reunião será agendada entre a diretoria do Sindicato e os representantes do Procon-DF para tratar do assunto.

 

Pricilla Beine
Do Seeb Brasília