Empregados fazem ato em defesa da Caixa

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Os empregados da Caixa Econômica Federal e a sociedade civil realizaram, nesta quinta-feira (16), ato em defesa da empresa em frente ao prédio do Matriz I, em Brasília. A manifestação, com o slogan “Mexeu com a Caixa, mexeu comigo”, que ocorreu simultaneamente em todo o país, teve o objetivo de reforçar a mobilização dos trabalhadores pelo fortalecimento da empresa. A manifestação culminou com um abraço simbólico no edifício da Caixa e o lançamento de centenas de balões coloridos.

A iniciativa dos empregados da Caixa foi exaltada pelo secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que destacou seu orgulho pelo papel que a instituição passou a exercer a partir de 2003. Ele reforçou a defesa pela preservação do banco como instituição pública e pediu a efetiva participação de todos, bancários e a sociedade em geral, na luta em prol da manutenção da empresa pública.

Jair Pedro Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), também enalteceu a iniciativa do ato, relembrando o caos vivido pela instituição no governo FHC, com demissões e arrocho salarial. Ressaltou a importância da manutenção da Caixa como banco público e avisou: “Quando mexem com a Caixa, mexem com a gente e com o Brasil”.

Políticas públicas

“O ato em defesa da Caixa tem importância significativa, não só para os bancários, com esse histórico de luta, mas acima de tudo pelo diálogo com a sociedade, por conta desse ataque aos bancos públicos feito pela candidatura Aécio Neves”, ponderou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro.

O dirigente sindical emendou: “Estamos aqui, porque sabemos da importância da Caixa como banco público do crédito, do desenvolvimento de políticas públicas, especialmente de programas como o Minha Casa, Minha Vida, que beneficia milhares e milhares de famílias”.

O secretário de Organização e Política Nacional da CUT Nacional, Jacy Afonso, endossou as palavras de Cordeiro, destacando a importância de defender a instituição, “que está em risco agora com as declarações de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, que queria e continua querendo acabar com os bancos públicos”. E concluiu: “É um ato de resistência e para convocar os funcionários das instituições a defenderem esse legado que é a preservação dos bancos públicos”.

Para o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, o ato representa mais um passo da luta dos trabalhadores pela permanência do patrimônio público brasileiro. “Nós já fizemos atos aqui em frente ao Banco Central contra a sua independência e também contra o desmonte da Caixa, que estava em curso nos anos 90 e início dos anos 2000. Então, nós vamos sempre defender o patrimônio do povo brasileiro contra qualquer ataque de qualquer que seja o governo e que venha, além de destruir postos de trabalho dentro da Caixa, diminuir o papel do estado na relação com a população”, assegurou.

Adoecimentos e suicídios

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que é empregada da Caixa e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília (1992-1998), recordou o sofrimento da categoria entre 1995 e 2002. “Foram anos de arrocho salarial, perda de direitos, demissões sem justa causa, adoecimentos e suicídios. Se eles querem essa realidade de volta, nós não queremos e o Brasil não quer. Se eles querem o fim da Caixa e dos outros bancos públicos, nós não queremos e o Brasil não quer”, declarou.

Para a parlamentar, que foi reeleita, defender a Caixa é defender o Brasil. “O povo quer, o futuro quer”, pontuou Erika Kokay, que também foi presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Brasília.

Já a diretora do Sindicato e da Contraf-CUT Fabiana Uehara, que também é empregada da Caixa, frisou a importância de reforçar a Caixa como empresa pública, “não só para os empregados do banco, mas para todo o Brasil, na luta por uma sociedade mais justa e digna para todos”.

O secretário de Formação do Sindicato, Antonio Abdan, argumentou: “Nós entendemos que existem dois projetos para a Caixa. Um que diz respeito à expansão e a utilização dessas instituições para o bem do povo brasileiro. E o outro que restringe a atuação, que enxuga, e que acreditamos que não é o melhor para o Brasil. Por isso, defendemos a continuidade e a expansão da empresa”.

Também presente no ato, o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) assinalou que, ao longo de 12 anos, a Caixa adquiriu papel de maior importância. “Antes, era o banco da habitação, e se transformou no banco da moradia, com a implantação do programa Minha Casa, Minha Vida, que beneficia milhares de pessoas”, disse, ressaltando: “Precisamos fortalecer a Caixa e não podemos deixar que destruam esse patrimônio que é de todo o povo brasileiro”.

Na segunda-feira (20), haverá outro ato em defesa dos bancos públicos, na Praça do Cebolão, no Setor Bancário Sul, em frente ao Edifício Sede I do Banco do Brasil.

Manifesto

Os empregados da Caixa distribuíram um manifesto, onde destacam  questões que consideram importantes para reflexão. Eles se reportam às dificuldades vividas por colegas, em governos anteriores, que passaram pelo “terror do fechamento de agência, ameaças com o temido RH008, com possibilidade de demissões sem justa causa, de ordem de gestores de unidade, salários achatados e corroídos, perda de funções, além do sucateamento e a terceirização da Caixa”.

 

No texto, os funcionários citam as conquistas adquiridas ano a ano, como aumentos salariais e a reestruturação das carreiras e funções, para advertir que é necessário vestir a camisa e que o momento é de união entre todos. “É um momento de reflexão pragmática sobre qual o futuro que queremos para a Caixa e para nós, dentro dessa empresa. Nós não queremos o fim de linha. Queremos a Caixa 100% pública e forte”, assinalam.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília