Em negociação com o Sindicato, BRB decepciona e não apresenta soluções aos problemas dos bancários

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Durante manifestação realizada na segunda-feira (7) nas agências Central, Buriti e JK do BRB, a direção do banco propôs uma reunião para esta quarta-feira (9) com a presença do presidente da instituição financeira, Paulo Evangelista, e dos três vice-presidentes. É positivo passar cerca de duas horas a conversar sobre diversos assuntos que inquietam os funcionários. No entanto, é necessário, mas não é suficiente.

A sensação é a de que a cúpula do banco padece de algum estado anestésico, pois nada vê, nada sente, nada reconhece dos assuntos que o Sindicato leva como demandas. Só faltam declamar, em coro: “essa taça já é nossa…”.

Todos sabem que o BRB tem desafios pela frente.

Mas diminuem as chances do bom jogo, se a comissão técnica está inchada e impermeável a ouvir e acatar o time que realmente entra em campo e constrói a vitória, encarando a pressão de cada dia: os funcionários.

Mais uma vez, a diretoria do BRB frustrou a expectativa e não apresentou soluções efetivas para as seguintes reivindicações:

•         Reversão do corte de caixas e gerentes de expediente;
•         Mais contratações de novos bancários, além dos 160 já em processo de admissão;
•         Transferências arbitrárias.

O banco diz que não reverá os cortes, que teriam sido consultados os gerentes gerais, e que poderá analisar casos pontuais. Afirma que recebeu do Conselho de Administração (Consad) do banco a determinação de compensar as contratações com os referidos cortes. Importante lembrar que o mesmo banco reconhece que há necessidade funcional de pelo menos 300 novos colegas escriturários.

A direção do BRB ressalta que o rodízio é normal, mas poderá analisar casos de transferência que julgue exagerados. O banco explica que tais ”medidas” devem ocorrer para ‘tirar os bancários da zona de conforto’. A questão é: quem parece muito confortável é a diretoria do banco. E não parece preocupada com o desconforto que sofre o atendimento aos clientes com a contratação insuficiente, a sobrecarga de trabalho, e a ausência de valorização e reconhecimento dos bancários, que mantêm alto grau de profissionalismo mesmo em condições e meios muitas vezes insuficientes e recorrentemente carentes de providências estratégicas:

•         Fim da lateralidade (modo perverso de subtrair o pagamento da substituição, modismo importado de outra corporação);
•         Adequação remuneratória frente às atribuições dos gerentes de equipe;
•         Mudança compulsória para horário único vespertino para quem tem da jornada de 6h na Direção Geral;
•         Analistas de TI – ajuste de piso e encarreiramento;
•         Demais propostas de ajustes no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), que já vêm sendo debatidas há várias reuniões.

Em linhas gerais, a direção do BRB silencia, diz que está analisando, tergiversa, mas não aponta avanço concreto. Quanto à mudança de horário, informou apenas que será avaliada pelos gestores da unidade de trabalho. Assim, algumas funções poderiam permanecer no horário matutino, quando necessário.

Infelizmente, para muitos dos temas tratados, a direção do banco não deu resposta suficiente sequer para o esclarecimento em detalhe das medidas em andamento.

“Não vamos admitir o corte de caixas e de gerentes de expediente com a desculpa de que é necessário reduzir os gastos. É de conhecimento de todos os bancários que existem outras formas de se conter custos, e também de ampliar receita. Aliás, muito mais recomendáveis como, por exemplo, uma melhor gestão dos contratos do banco, dos aluguéis (prédio da TI), de publicidade e patrocínios, da compra de ingressos para a Copa, viagens, entre outras”, afirma o secretário de Estudos Socioeconômicos do Sindicato, Cristiano Severo, que também é bancário do BRB. “O sofrimento dos funcionários, a insatisfação da clientela e o futuro da instituição parecem não sensibilizar a direção do BRB”, acrescenta o dirigente sindical.

“É inconcebível que uma agência funcione com apenas dois caixas. Os funcionários não têm tempo para ir ao banheiro e nem para almoçar. Que dizer de férias e das ausências abonadas”, complementa a secretária-geral do Sindicato, Cida Sousa, que também é bancária do BRB.

Outros assuntos

Durante a negociação, os dirigentes sindicais ainda exigiram transparência e coerência por parte da direção do banco e respostas para as demandas, ressaltando que, na visão do Sindicato, há muito mais insatisfação crítica no seio do funcionalismo do que parece se permitir imaginar Paulo Evangelista e o Conselho Diretor.

Foram tratados diversos assuntos no que toca a uma visão geral do banco, sendo ressaltado pelo Sindicato que, se é de austeridade que se fala, ela deve ser generalizada, a começar da estrutura diretiva que a expressiva maioria, senão a totalidade, dos funcionários considera inchada. Também, o discurso, correto, de expansão do banco, criação de novas agências não condiz com “cortes”, antes, ensejaria uma maior sincronia em manejar posições de modo a motivar e incentivar os talentos, que, acreditamos, são fundamento para o sucesso do fortalecimento da empresa, que pressupõe alavancagem de negócios e receitas.

Ainda, para análise de despesas e custo/benefício, numa discussão para valer, a diretoria do banco deveria mexer em muitas contas antes da atitude de mexer nas pessoas.

Foi solicitada a Paulo Evangelista qual a situação da auditoria instaurada há sete meses para apurar responsabilidades dos gestores e diretores pela “pane” de grande dimensão pública ocorrida em sistemas e processos da Ditec em dezembro passado. Ele apenas respondeu “estar em andamento”. O que entendemos como uma demora quase incompreensível.

Como se sabe, por exemplo, um caixa tem de repor eventuais diferenças em 48h, sob pena de imediato processo administrativo. Participaram da negociação o presidente do BRB, Paulo Evangelista; o diretor de Gestão de Pessoas e Administração, Marco Aurélio Monteiro e os vice-presidentes Alair José Martins Vargas, Humberto Augusto Coelho e Sérgio Ricardo Miranda Nazaré.

Pelo movimento sindical, os diretores do Sindicato Cida Sousa, Cristiano Severo, Daniel de Oliveira e Ronaldo Lustosa e o secretário de Bancos Públicos da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), André Nepomuceno.

O Sindicato alertou para a urgência de que o banco chegue a respostas conclusivas.

O presidente ficou de agendar nos próximos 15 dias uma nova reunião.

Sem deixar de intensificar a mobilização dos bancários e bancárias do BRB, incluída já a campanha salarial que se avizinha, os dirigentes sindicais esperam que nesse intervalo o presidente do banco, bem como o Conselho Diretor por ele liderado, tenham coesão e sensibilidade para refletir e apresentar algo de concreto.

Da Redação