Em meio à pandemia, negociações garantem direitos aos bancários

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Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou, no dia 11 de março, estado de pandemia do novo coronavírus e começaram a surgir os primeiros casos suspeitos da doença no país, o Sindicato e o Comando Nacional dos Bancários têm cobrado ações concretas dos bancos para resguardar a saúde dos trabalhadores, de suas famílias e de clientes e usuários.

Já no dia seguinte, a Contraf-CUT oficiou a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) cobrando o início das negociações para proteger os bancários e bancárias, o que, desde então, vem ocorrendo de forma permanente entre os bancos e os representantes dos trabalhadores.

A atuação dos sindicatos e a unidade nacional da categoria estão sendo decisivas para manutenção dos empregos, da renda e da saúde dos bancários, com o afastamento daqueles pertencentes ao grupo de risco, além da exigência do uso de itens de proteção, como máscaras e álcool gel, ou seja, a manutenção dos protocolos de higiene em todos os locais de trabalho.

Além disso, o Sindicato está em tratativas constantes com os bancos no intuito de que forneçam o equipamento, na quantidade necessária para todos os bancários.

Os representantes dos bancários também continuam cobrando da Fenaban a suspensão das cobranças pelo cumprimento de metas e a revisão das metas durante a pandemia. E ainda a implementação de medidas efetivas para evitar aglomerações nas agências, como é o caso da Caixa, responsável pelo pagamento do auxílio emergencial.

Para o Sindicato, essa falta de planejamento do governo nesse momento de crise de saúde comprova o seu total descaso com a população mais vulnerável, lembrando que a categoria bancária vem cumprindo com determinação seu papel de trabalhadores essenciais no atendimento a milhões de brasileiros que precisam do auxílio emergencial. E pontua: “Os bancários, pelo seu excelente trabalho, merecem respeito”.

Garantia de emprego

No Bradesco, por exemplo, a atuação das representações dos trabalhadores segue com as negociações a fim de garantir tranquilidade aos bancários até que a pandemia se dissipe.

“Neste momento, os bancários têm duas preocupações: com a saúde e com a manutenção do seu emprego. E nada justifica que apenas o Bradesco, um dos bancos que mais lucram neste país, não dê garantia de emprego diante do cenário dessa crise mundial de pandemia”, pontua Paulo Frazão, secretário de Comunicação e Divulgação do Sindicato e bancário do Bradesco.

Conquistas dos bancários durante a pandemia

— Proteção à saúde e à vida, com afastamento de todos os trabalhadores pertencentes ao grupo de risco.

— Teletrabalho para aqueles que desenvolvem atividades possíveis de serem realizadas remotamente.

— Fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os trabalhadores que permanecem indo aos locais de trabalho.

— Redução do horário de atendimento das agências, com possibilidade de realização de rodízio entre os funcionários destas unidades.

— Manutenção do salário dos bancários, sem redução de jornada ou suspensão de contrato.

— Compromisso de não demissão no Bradesco, Itaú e Santander enquanto durar a pandemia.

— Redução dos impactos das Medidas Provisórias 927 e 936, com negociação dos pontos implementados pelos bancos.

— Compromisso de realização de teste para diagnosticar a Covid-19, após o atendimento via telemedicina, para trabalhadores do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander.

— Criação de um Comitê de Crise que recebe e avalia todas as denúncias e problemas enfrentados pelos trabalhadores.

— Negociações permanentes.

Retrospectiva

No dia 12 de março, após o GDF publicar decreto obrigando o fechamento de escolas e faculdades, das redes de ensino pública e privada, já no dia seguinte o Sindicato encaminhou ofício às direções dos bancos cobrando a suspensão das atividades bancárias. A Contraf-CUT também oficiou a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Fruto dessa movimentação dos representantes dos bancários, o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban se reuniram e criaram, no dia 16 de março, o comitê de crise para acompanhar as orientações das autoridades de saúde e tratar das medidas a serem tomadas pelos bancos, de acordo com a evolução da epidemia. Localmente, o Sindicato também procurou as direções do BB, da Caixa e do BRB para debater a situação específica do DF e reforçar a criação do comitê regional.

No dia seguinte (17), atendendo ao Sindicato, o BB divulgou novas orientações para ampliação de medidas de proteção. Ainda no mesmo dia, o Sindicato estabeleceu o contingenciamento dos seus funcionários e suspendeu o atendimento presencial de bancários na entidade.

O Sindicato encaminhou, no dia 18 de março, ofício ao governador Ibaneis Rocha (MDB), requerendo a imediata suspensão das atividades bancárias presenciais em todo o DF e de “todo e qualquer serviço que importe em aglomeração de pessoas”. Em edição extra do DODF, Ibaneis atendeu o Sindicato, suspendendo o atendimento presencial por pelo menos 15 dias.

O diretor de Regulação do Banco Central assinou circular no dia 19 de março implementando a redução do horário de atendimento bancário. A medida foi proposta pelo Comando Nacional dos Bancários.

Mariluce Fernandes
Do Seeb
Brasília