Decisão da CLDF pode impulsionar aumento da violência contra LGBTs

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O Brasil é o país que mais mata LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, trans e travestis) no mundo. A cada 19 horas uma pessoa desse grupo morre, segundo a ONG Grupo Gay da Bahia (GGB). Decisão da Câmara Legislativa do DF, aprovada nessa semana, corrobora com esse cenário lastimável e incentiva o aumento desses números.

No dia 12 de junho, por unanimidade e em bloco – quando vários projetos são votados de uma só vez –, a CLDF derrubou veto ao projeto de lei que cria um “Estatuto da Família” para a capital. O texto define família como “a união entre um homem e uma mulher” e exclui núcleos com integrantes lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e pessoas intersexuais. A proposta, de autoria do deputado Rodrigo Delmasso (PRB), foi suspensa na íntegra em 2015, sendo apontado como inconstitucional.

Nas redes sociais, Delmasso comemorou a derrubada do veto. “A família tem sido destruída, e por isso, estamos em uma sociedade mais violenta, mais intolerante e que discrimina mais. O projeto não discrimina nenhum modelo de família, mas fortalece a família tradicional, formada por pai, mãe e filhos”, disse.

“Mais uma vez, os setores conservadores da sociedade confundem opinião pessoal com o que é dever do Estado. Eles estão se apoderando de aparatados do Estado para obrigar as pessoas a viverem da uma forma que eles consideram a correta. Precisamos denunciar e unificar as bases em defesa de todas as famílias. Não podemos restringir a definição de família a um único núcleo. No entendimento da CUT, família é um grupo onde existe amor, respeito, educação, independente dos seus componentes”, a firma o secretário de Políticas Sociais da CUT Brasília, Yuri Soares. Ele ainda destaca que iniciativas como essa acabam moldando o imaginário coletivo no sentido de banalizar os números alarmantes que envolvem a comunidade LGBT.

“Sem dúvida, este PL induz a sociedade, que em sua maioria já é extremamente conservadora, a fechar ainda mais a mente estimulando o preconceito e homofobia. Não permitiremos que um projeto aprovado sem o mínimo de diálogo e na calada da noite prejudique os LGBTs”, afirma secretário da pasta LGBT do PT/DF, Henrique Elias. Segundo ele, movimentos de direitos LGBTs, parlamentares apoiadores da causa e movimentos sociais, já estão se articulando para criar um novo PL que se contraponha ao Estatuto da Família.

Fonte: CUT Brasília