Concursados da Caixa denunciam exclusão injustificada e cobram nomeação

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Os dados reunidos a partir das falas de aprovados no concurso da Caixa Econômica Federal de 2024 mostram problemas sérios na forma como o banco estruturou o processo seletivo e tratou candidatos considerados “excedentes”. Milhares de pessoas que passaram por todas as etapas figuraram entre os melhores colocados no resultado preliminar, mas foram ignoradas na lista final de classificação. Essa situação prejudica tanto os trabalhadores quanto a população atendida pela instituição.

Os aprovados afirmam que a Caixa, ao planejar o concurso, subestimou o impacto do Plano de Demissão Voluntária (PDV), que retirou mais de 4 mil empregados das áreas de atendimento ao público. O certame abriu apenas 1.600 vagas imediatas e um cadastro de reserva insuficiente para suprir as demandas criadas pelas saídas. Marcos Rodrigo Siqueira, membro da comissão de aprovados, explica: “A Caixa retirou mais de quatro mil pessoas pelo PDV, mas não devolveu nem metade dessas vagas. Criou um concurso para quatro mil postos, mas parte deles foi para áreas que não atendem diretamente à população.”

Entre as vagas criadas está o cargo de TBN Informática, uma área nova ligada à tecnologia da informação, com postos distribuídos apenas em algumas capitais. Esses profissionais não serão lotados nas agências nem atuarão no atendimento direto à população, o que torna o impacto dessas vagas sobre o déficit nas unidades praticamente nulo.

Outro ponto polêmico é a correção das redações. De acordo com informações obtidas via Lei de Acesso à Informação, o banco solicitou à organizadora Cesgranrio a correção de três vezes o número de redações em relação ao total de vagas, sob o argumento de garantir eficiência e selecionar os mais qualificados. “Se a Caixa corrigiu nossas provas, validou que estávamos aptos para o cargo e, mesmo assim, colocou quatro mil pessoas em um cesto invisível, está contrariando o próprio princípio de eficiência que diz defender”, critica Marcos.

A resposta oficial da Caixa, anexada às manifestações via Fala.BR, confirma que o edital previa a correção ampliada, mas limita a classificação ao número de vagas e ao cadastro de reserva. Para os trabalhadores, isso evidencia uma distorção: o banco identifica profissionais preparados, mas os descarta sem sequer formar um cadastro de excedentes, prática já adotada em outros órgãos públicos.

Para o movimento sindical, a situação reforça a necessidade de medidas urgentes. É preciso que a Caixa amplie o cadastro de reserva ou crie um segundo banco de excedentes, garantindo o aproveitamento de quem já demonstrou capacidade técnica. Essa é também uma forma de aliviar a sobrecarga dos empregados ativos, que enfrentam agências lotadas, filas e metas cada vez mais agressivas.

“Temos aprovados em todas as regiões, prontos para começar a trabalhar e ajudar a população. Não faz sentido mantê-los de fora enquanto colegas adoecem pelo excesso de trabalho”, destaca o Sindicato dos Bancários. “Valorizar o concurso público é valorizar a Caixa como banco social e estratégico, a serviço do país.”

Enquanto cresce a expectativa por novas contratações e parlamentares cobram explicações em audiências públicas, aumenta a pressão para que o banco reveja sua postura. Convocar os aprovados significa reconhecer um direito e, sobretudo, garantir que a Caixa continue cumprindo sua função social de forma plena e eficiente.

Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato