Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra divulga carta aberta à população

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A Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno, no âmbito do Sindicato dos Bancários de Brasília, vem expor sua preocupação em relação ao processo de impedimento da Presidente da República, hoje em trâmite no Senado Federal, com base no entendimento de que a articulação pró- impedimento utiliza instrumentos da democracia, mas motivada por vocação antidemocrática.

A defesa da democracia não se confunde com o desrespeito pela democracia, porque a ação antidemocrática caracteriza golpe, situação que deve ser combatida por todos os brasileiros, independente de origem étnica.

Tomar partido pelo processo de impedimento é como abalar as estruturas do pacto social. Surpreende-nos a posição adotada por instâncias de entidades reconhecidas na sociedade, como o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, que vem mostrando-se sensível e simpático a uma escancarada armação conservadora, com sua posição pró-impedimento, abdicando da sua vocação de guardiã da democracia, do Estado democrático de direito e da Constituição.

Certamente esta não é uma decisão que contempla o conjunto dos (as) advogados (as) brasileiros (as), pois a maioria dos (as) advogados(as) deste País não são ingênuos (as) e sabem que o que está por trás da proposta de impedimento é o inconformismo pela derrota eleitoral dos representantes das elites deste País.

Os políticos favoráveis ao impedimento, no fundo, opõem-se a uma agenda econômica popular que venha a reduzir os juros, maior responsável pela inflação, situação em que quem ganha são os banqueiros e seus aliados no Congresso Nacional.

Com a manutenção do Governo de frente popular os mais pobres seriam os maiores beneficiados pela manutenção e ampliação  do programa econômico popular, com os corretos reajustes dos orçamentos dos programas sociais, como Bolsa Família, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Luz Para Todos, Farmácia Popular e demais programas sociais. Hoje, milhares de brasileiros estão tendo acesso ao ensino superior de forma gratuita, o que há até pouco tempo só era permitido aos ricos.

Porém, estas medidas de caráter popular, social e nacionalista não são de interesse das elites e seus verdugos. Na verdade o que está por trás do pedido de impedimento são os interesses exclusivistas de uma fração da sociedade que historicamente locupletou-se do dinheiro público, historicamente assistindo do alto de suas sacadas a estrutura do Estado trabalhar em seu benefício  em detrimento dos interesses da maior parcela da população.

Com a substituição do atual Governo, da forma antidemocrática como está sendo conduzida pelo parlamento a partir da iniciativa pessoal e antirrepublicana do ex-presidente da Câmara dos Deputados, todo avanço nas políticas sociais que temos vivenciado nos últimos anos está prestes a ser substituído por políticas neoliberais. Assim, as relações sociais se darão exclusivamente em obediência às leis de mercado, ou seja, na configuração de que os poucos que têm mais relacionam-se de forma desigual com os muito que têm menos, levando à formação social de que somos herdeiros, a de total desigualdade social.

Será que as classes menos favorecidas realmente acreditam que políticos como Bolsonaros, Caiados da vida, só para citar alguns, estão realmente interessados no que é melhor para a população? Há coisas que são antagônicas. Quando estes políticos defendem uma ideia, uma proposta, os segmentos populares devem se opor e contestar, sem medo de ser feliz,  porque certamente aqueles senhores não estão defendendo a democracia e nem pensando no que é melhor para a população.

Pedalada fiscal é desculpa furada. Na verdade estão querendo dar é uma pedalada na democracia. O que a presidenta Dilma Rousseff fez foi procurar manter o fluxo de caixa muitas vezes interrompido por um Congresso que transforma a política num balcão de negócios. O que a presidenta Dilma fez, o invejoso do Temer também fez, assim como seus antecessores.

Crime contra a economia popular, contra o País, contra a população, ironicamente quem cometeu foi justamente quem aceitou na mesa da Câmara o pedido de impedimento, pois responde a mais de uma dúzia de processos junto ao Supremo Tribunal Federal.

Por isso somos contrários ao impedimento e entendemos que articulá-lo é golpear a democracia em proveito de latifundiários, empresários e políticos preconceituosos e descomprometidos com os interesses do povo brasileiro.

Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno do Sindicato dos Bancários de Brasília