Instituída para assegurar as boas condições de trabalho, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da Caixa Econômica Federal em Brasília corre o sério risco de ficar sem representantes. Para se ter uma idéia do problema, apenas 15 empregados se inscreveram no processo eleitoral de nove das dez Cipas existentes nas unidades da empresa no Distrito Federal. Os pleitos para as comissões necessitam, no mínimo, de 46 candidatos, número para preencher as vagas dos titulares e suplentes.
“Apesar de os integrantes eleitos para a Cipas não receberem auxílio financeiro, o trabalho das comissões é de suma importância para o bem-estar dos empregados, uma vez que garante segurança no local de trabalho, sem risco de acidentes”, esclarece Fabiana Uehara, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato e ex-vice-presidente da Cipa do Matriz I.
Eleita em junho do ano passado para ocupar uma vaga de titular na Cipa do edifício Filial, Alice Yoko Maruyama, 35, enumera os benefícios de ser cipeira. “Trabalhar em prol da segurança dos colegas de trabalho faz muito bem”, destaca. “O que a gente aprende na Cipa também podemos aplicar em casa com a família”, completa. Em sua opinião, o fato de a Caixa ser uma empresa pública e já oferecer estabilidade aos seus empregados não atrai tanto as pessoas para a Cipa. “A estabilidade de um ano para quem é eleito (a) cipeiro não desperta interesse dos bancários”, admite.
Dificuldades
Bons argumentos em defesa das Cipas não faltam. O que, infelizmente, ainda impede uma maior participação dos bancários nas comissões é a falta de incentivo financeiro. “Estamos com enorme dificuldade de convencer as pessoas sobre a importância da Cipa, essa comissão essencial para evitar acidentes e garantir o bom funcionamento das unidades de trabalho”, alerta Isa Rodrigues, técnica do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt).
Um novo olhar sobre as coisas mais simples. É assim que o analista júnior Clair Rodrigues, 47, define seu trabalho como cipeiro da Filial. “Vale muito a pena participar das Cipas. Você acaba vendo as coisas com mais crítica e fica apto para ajudar os colegas e os familiares”, explica. Eleito para o cargo em junho do ano passado, o empregado diz que a Cipa já evitou diversos acidentes na Filial. “O mais recente foi uma espécie de parede de vidro de uma portaria que estava sem qualquer identificação para alertar as pessoas para o obstáculo, o que poderia causar um acidente. Identificamos o problema antes de alguém se machucar”, conta.
Para estimular os bancários a participarem das eleições das Cipas, o Sindicato e o Sesmt iniciaram uma campanha de conscientização sobre a importância das comissões para o bem-estar e segurança dos empregados. “O membro de uma Cipa não necessita de dedicação exclusiva. O trabalho na comissão é perfeitamente conciliável com outras atividades. O cipeiro pode fazer uma grande diferença na prevenção de acidentes e também nas emergências”, afirma Fabiana Uehara.
Inscrições para as Cipas até 8 de abril
Criada como instrumento dos trabalhadores para tratar da prevenção de acidente do trabalho e das condições do ambiente de trabalho, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da Caixa está com as inscrições abertas para candidatos às eleições para a gestão 2011/2012. Podem inscrever-se, até o dia 8 de abril, todos os empregados que trabalham na unidade, independentemente de setores ou locais de trabalho.
A Cipa, atualizada pela Portaria nº 8/99 e retificada em 12.07.1999, hoje vislumbrada mais facilmente na Norma Regulamentadora 5 – NR 5, é um dos importantes mecanismos de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, com objetivo de tornar compatível o trabalho com a preservação da integridade física e a saúde do trabalhador. É, portanto, uma exigência legal. Vale ressaltar que ela é fruto da luta dos trabalhadores por condições de trabalho seguras e dignas.
Trata-se de um espaço em que há representantes dos patrões e dos trabalhadores. Seu objetivo é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Passamos grande parte de nossa vida no trabalho e, como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar. Por isso, esse espaço deve ser valorizado e utilizado.
Veja algumas das atribuições da Cipa:
- Identificar os riscos do processo de trabalho;
- Estabelecer um plano de trabalho de cunho preventivo;
- Participar da implementação, controle e avaliação de tais medidas, segundo prioridades estabelecidas;
- Realizar inspeções de segurança nos ambientes de trabalho;
- Divulgar aos demais trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;
- Participar das discussões promovidas pelo empregador para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho, no contexto da segurança e saúde dos trabalhadores.
Além de contribuir com a conscientização dos trabalhadores e participar da mudança positiva na segurança do trabalho, o cipeiro também é recompensado com a estabilidade no emprego. Prevista na CLT, a estabilidade se estende a todos os inscritos até a data das eleições. Para suplentes e titulares esse período é de dois anos, sendo um de mandato e após o término do mandato.
Confira as vagas nas Cipas de cada unidade:
- Cipa Matriz I – 10 membros eleitos: 5 titulares e 5 suplentes
- Cipa Matriz II – 10 membros eleitos: 5 titulares e 5 suplentes
- Cipa Filial – 8 membros eleitos: 4 titulares e 4 suplentes
- Cipa Taurisano (502 norte): 6 membros eleitos: 3 titulares e 3 suplentes
- Cipa Centro Oeste (Setor Comercial Sul): 4 membros eleitos: 2 titulares e 2 suplentes
- Cipa 507 norte: 4 membros eleitos: 2 titulares e 2 suplentes
- Cipa 511 norte (Ed. Datamec): 4 membros eleitos: 2 titulares e 2 suplentes
- Cipa Ed. Marta XX (antigo JURIR): 2 membros eleitos: 1 titular e 1 suplente
- Cipa S.I.A. (antiga CEATI/CEDIN): 2 membros eleitos: 1 titular e 1 suplente
Rodrigo Couto e Pricilla Beine
Do Seeb Brasília
